FACULDADE DE MEDICINA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO ... - Unesp

tenho medo de derrubar o paciente 8 né Então da primeira vez que eu fiquei
muito mal, que eu estava numa escala e a chefia chegou pra mim pra cobrir o
noturno e eu fui só que tinha só três funcionários no centro cirúrgico, na central
de material 9 .
E eu era responsável pelos materiais. Tiraram-me do centro cirúrgico e me
levaram para a central de materiais. Eu carregava aqueles materiais pesados
tudo sozinha. Eles achavam que a central não tinha muito serviço e tiravam as
pessoas. Deixavam a gente sozinha, e foi onde eu perdi minha cirurgia 10 .
Perdi, porque não foi feita direito (SIC), e eles não colocaram a placa. Aí eu
perdi o movimento também, o movimento de abdução. Aí eu caí e para não cair
aquele monte de coisa em cima de mim, eu tentei segurar, né Aí foi onde deu
tendinite, deu Túnel de Carpo, um monte de coisa. Eu fui pra lá e já fui direto
pro chão. Não foi aberto Comunicação de Acidente de Trabalho, mesmo eu
procurando o Departamento de Pessoal. Eu estava internada e uma colega que
foi pedir orientação e o rapaz do DP disse que tanto fazia eu entrar de licença
médica como acidente de trabalho. Então “passou batido” 11 . Aí o advogado
falou que isso não estava correto e ele queria até que eu colocasse na justiça,
para eu receber indenização, dizia que isso é muito sério, que eu precisava de
uma testemunha, porque a colega chegou da UTI e me encontrou lá largada no
chão. Eu caí umas duas e pouco da manhã e só fui encontrada por volta das
05h00min da manhã! Fiquei lá sozinha! Você conhece o CC, né Eu me
arrastei até a porta do vestiário, e quando a colega chegou, pois havia ido
ajudar na UTI, ela me encontrou 12 , porque eu bati a lombar, mas não sabia que
tinha perdido a cirurgia. Estava com os braços dormentes e formigamento nas
pernas, e aí eu não conseguia levantar e fiquei lá esperando porque eu não
tinha o que fazer. Esperei passar a dor, aí fui fazer uma serie de exames,
tomografia e me encaminharam pra Botucatu 13 . Fiz mielografia e descobriram
que eu perdi a cirurgia e minha coluna está segura por um fragmento
minúsculo e de um lado só.
Eu era limitadíssima. Eu operei, eu fiquei muito bem. Médico de fora. Porque
meu caso é raro 14 . Aí eu sou tão chique! Cada vez que eu vou ao médico, eles
acham uma coisa nova pra mim (Ri!). Dão cada nome pras minhas coisas, aí
eu falo pelo amor de Deus, deixa eu quietinha!Então quando as meninas, uma
era da obstetrícia, pois era junto, nós montamos o centro cirúrgico. Pois eles
chamavam só quem tinha experiência e eu era instrumentadora. Eu tinha
prática de montar caixa de material e eu e mais duas colegas montamos tudo.
Fizemos em um ano. Aí começou a funcionar. Aí me colocaram na central,
sozinha, sozinha. Elas foram para outros setores 15 . Eu não era readaptada
ainda. Aí eu saí, fiquei 15 dias internada, na sonoterapia para ficar quietinha. Aí
o médico me mandou para Botucatu pra operar novamente e pediu
aposentadoria, pois meu caso ele disse que era de aposentadoria. Aí eu falei
que eu não queria, pois achava que era muito nova para aposentar, eu ainda
não sabia que existia readaptação 16 . Mas ele disse que eu não podia trabalhar
desse jeito. Ninguém tinha me orientado sobre isso. E aposentadoria todo
mundo falava que eu ficar sem salário, que ia cair o salário, e eu fui muito
sozinha sempre, na época eu era mais sozinha ainda, não posso ficar sem
salário porque eu tenho que cuidar das minhas coisas, eu era sozinha, tinha
meu filho pequeno. Só sei que foi um sufoco pra mim, foi caso de procurar a
justiça, pois foi falta de orientação do departamento de pessoal, dos colegas,