FACULDADE DE MEDICINA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO ... - Unesp

exemplo de uma colega que teve problema de depressão por um problema
familiar e ela voltou a trabalhar e ela quis voltar a trabalhar. Quando ela chegou
aqui, a chefe não olhou nem na cara dela! Ela chorou! E eu disse pra ela não
ficar assim, porque eu também passei por isso. Eu quis dar força pra ela,
porque quando eu vi aquele caso, eu também passei por isso 32 . Mas meu
medico fala pra mim e eu estou aprendendo cada dia mais, ele diz: “Se alguém
te der um presente bom, você vai pegar, se alguém quiser te dar uma coisa
ruim, você não vai pegar e vai ficar com ele!” Então eu ainda estou aprendendo
isso, estou “trabalhando” isso comigo, a pegar só as coisas boas! É difícil! É
muito difícil! Porque a gente é humana, a gente tem sentimento! Mas, eu venho
trabalhar e vou pegar licença de novo. Eu passei por isso, e venho passando.
Estou ali na recepção e já tentaram me tirar dali várias vezes, perguntaram se
queria ir pra o ambulatório, mas me contaram muitas coisas, que poderiam me
prejudicar. Foi uma enfermeira que disse que minha cabeça não vai agüentar,
pois é muita pressão pra minha cabeça! Já pensou se eu marco algum
agendamento errado Se eu agendo uma cirurgia errada Tem que ter muita
concentração! Porque eu não vou estar me prejudicando, mas prejudicando o
paciente! Eu até gostaria de trabalhar no ambulatório, porque eu gosto de
“mexer” com o paciente, com o ser humano, tratar bem. Mas eu tenho medo de
fazer alguma coisa errada e ninguém vai ver o porquê que eu fiz ninguém vai
me dar respaldo! Eu estando aqui, não! 33 (A impressão é que se sente mais
protegida por ter a colega que a ajuda).
Essa última vez que eu estive na perícia em São Paulo, levou meu rol de
atividades, o Dr. Z (diretor do hospital), assinou minhas atividades, para eu
atender telefone, fazer o mapa cirúrgico, com calma, tranqüila, sem apavorar,
com tempo pra fazer com qualidade. Então eu fico com o máximo de
concentração, quietinha. Atendo a campainha. O que eu posso estar fazendo,
eu faço.
Então minha sugestão é a chefia dar manutenção para os funcionários
readaptados, ou que não são, mas que tem um problema, porque tem
funcionário que está trabalhando porque precisa mesmo, então poderia arranjar
outro local para trabalhar, porque tem tanta gente em condições de vir trabalhar
aqui, enquanto ficam pessoas impossibilitadas, que poderiam ir pra um lugar
mais tranqüilo. Eu acho que tem como remanejar. Porque assim evita do
funcionário estar tirando licença e estar trabalhando, pois ele pode ser útil em
outro lugar 34 . Porque tem pessoas que tiram licença pra passear e vem me
perguntar como é que eu faço pra tirar licença e eu falo: “Opa! Eu tiro licença
porque eu estou doente e não pra passear!” Isso é uma coisa que eu jamais
faria porque eu sofro em estar afastada 35 . Porque eu fiquei dois anos afastados
e só voltei porque eu ia ficar no acolhimento, porque senão o doutor não ia me
dar alta.
Eu me sinto ainda, a readaptação pra mim foi bom porque eu pude voltar a
trabalhar, se não fosse a readaptação eu estaria de licença, porque naquilo que
eu fazia, eu não poderia estar fazendo. A readaptação foi boa porque, hoje eu
estou aqui dentro do hospital e estou produzindo, da maneira que eu posso,
conscientemente eu sei que eu estou produzindo, eu estou ajudando em
alguma coisa. Então a readaptação pra mim foi boa 36 . Só que eu ainda sinto
que não estão satisfeitos no lugar que eu estou, porque de vez em quando me
perguntam se eu não quero ir pra outro lugar. Então eu sinto que não estão