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FACULDADE DE MEDICINA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO ... - Unesp

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mas eu caí.Eu não deixei o paciente cair, como no outro acidente que citei<br />

acima, eu não deixei cair aquele monte de coisa em cima de mim, caixas<br />

pesadas. Acho que falta a supervisora ficar olhando e orientar 28 . Porque<br />

quando eu voltei para trabalhar, eu pedi pra voltar, porque já era para eu estar<br />

aposentada faz tempo, aí eu pedi, por favor, eu quero voltar a trabalhar. A<br />

doutora falou, vamos arrumar. Vamos arrumar porque eu não quero mais tirar<br />

licença. Eu não agüento mais. Eu tenho que voltar porque também o meu<br />

salário vai tudo em remédio 29 , ainda meu filho ficou doente na época também.<br />

Mas eu sabia que eu era readaptada, mas meu papel ficava guardado lá em<br />

uma gaveta. Ninguém sabia onde estava. Tanto é que levou quase três anos<br />

para publicação 30 . Enquanto isso era um comentário entre os auxiliares de<br />

enfermagem, porque era uma falta de funcionários no setor 31 . Aí logo mudou,<br />

não podia desviar de cargo, mas eu ainda continuei. Aí ela chegou (a chefia), e<br />

falou com a equipe dizendo que eu tinha um problema sério de coluna e<br />

pedindo que os colegas colaborassem comigo 32 . E eu fiquei, mas aí tinha<br />

comentários que eu tava com frescura 33 . Então teve esse momento de explicar<br />

para a equipe, mas depois ela foi embora, veio outra. E agora que a chefia veio<br />

perguntar pra mim se eu era oficialmente readaptada, aí eu disse sou, e não é<br />

de agora, isso é coisa de anos. Aí ficaram com medo de mim, porque no local<br />

que eu estava era aquela correria e então a diretora de enfermagem chegou<br />

pra mim e disse que sabiam do meu esforço, mas que eu não poderia mais<br />

ficar ali (no centro cirúrgico), senão vai dar esse tipo de problema. Desde dia<br />

em diante, de vez em quando ela (a diretora), está lá, observando, mas a<br />

escala está lá. Há três anos eu continuo na escala da central de material e eu<br />

enfrentei aquilo sozinha, sem nenhuma companheira. Aí quando descobriram (<br />

a readaptação), puseram uma pra trabalhar comigo 34 . Aí ficamos em duas. Aí a<br />

colega chega e você está com dor de cabeça, e ela quer ter “duas cabeças” pra<br />

doer mais que a sua! 35 Aí o desgaste é tanto porque eu não podia faltar, eu não<br />

podia abonar, eu tinha que trocar o meu plantão. E foi por aí que eu fui<br />

levando. E o dia que eu chegava e tinha que pedir para o meu marido ligar e<br />

dizer que não ia dar mesmo (para trabalhar), porque eu não estava levantando,<br />

pedia para dar o recado e a colega falava que não ia dar recado não, que eu<br />

tinha que ir lá falar coma a chefia pra justificar. E eu pedia, por favor, dá o<br />

recado aí, anota no livro pra poder providenciar outra pessoa, porque eu era<br />

sozinha 36 . Então fez muita falta isso, as pessoas saberem do problema da<br />

gente, saber o que é readaptado, eu estou explicando isso pra você agora, mas<br />

eu tinha que estar dando satisfação para as minhas colegas 37 . Porque ficam<br />

todas com um “bico” desse tamanho quando você não vai. Não quer anotar o<br />

recado, acha que você está com “frescura” 38 . Precisou os médicos<br />

(neurocirurgiões do hospital), me verem lá (trabalhando), e dizerem: “Mas o<br />

que você está fazendo aqui Na frente da enfermeira eles me mandaram ir<br />

embora dali. Ficaram bravos comigo, eu fiquei até com vergonha. O Dr. X<br />

(neurocirurgião), disse: “Você sabe que você não pode estar aqui, vai cuidar de<br />

você porque você sabe que seu fim é a cadeiras-de-roda, então você vai pra<br />

casa e o atestado a gente vê depois”. Aí é falta, é abonada, pra depois sair a<br />

licença. Então você já sabe, né 39<br />

3) Não tem nem resposta, porque tudo isso que eu passei mostra que contribui<br />

para que eu piorasse, porque eu fui readaptada só no papel, porque na prática<br />

mesmo, eu não fui. Então eu nem posso responder pra você como eu me sinto

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