FACULDADE DE MEDICINA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO ... - Unesp

eadaptada, porque eu não estou bem, eu nunca fui readaptada! 40 Agora é que
está começando e hoje eu ainda estou bem, mas olha o tamanho da minha
mão (apresenta a mão direita com presença de edema importante). Minhas
pernas doem, parece que eu estou com um saco de pedras nas costas.Aí
como é que eu vou cuidar de um paciente desse jeito, como é que eu vou fazer
uma injeção sem força, né
Ah! Mas ela pinta né (Faz trabalhos manuais em casa, como restauração de
pintura em estilo “patma”, mas refere que o marido e o filho a ajudam).Então eu
estou ótima porque eles me ajudam muito, inclusive meu marido ficava bravo
de eu ir trabalhar doente. Dizia, como que pode você ir trabalhar doente e eu
trabalhei muitas vezes doente 41 . Agora eu tirei uma licença, mas aí a gente tem
a contas para pagar, aluguel da casa e outras despesas, e o salário cai lá
embaixo. Você tem perdas no salário. Aí quando você vai parar você pensa
bem e mulher parada é fogo (Ri!). Relembra o acidente no CC e CME onde
perdeu a cirurgia e repete que tem muito medo de cair, inclusive comprou
chinelos “especiais”, com antiderrapante. Em cãs quem lava o piso é o marido
e filho e no hospital tem muito medo de cair no Centro Cirúrgico (CC), pois
caem produtos e secreções e o chão fica liso, escorregadio 42 .
Um dia, caiu secreção do aspirador na sala cirúrgica da neurologia e o chão
ficou liso e eu escorreguei, e eu “fiquei de quatro lá” e o doutor veio me ajudar
mas eu preferi ficar daquele jeito um pouquinho, para depois levantar, De novo
levei bronca pois o médico perguntou o que eu estava fazendo ali. Então eu
que tenho mesmo que me cuidar. Então eu segui o conselho, porque venceu
minha licença e eu voltei para trabalhar e não tinham me colocado em nenhum
lugar. Fiquei como uma “barata tonta”, pra lá e pra cá 43 . A mão inchada e muita
dor. É terrível, e eu já fui trabalhar muitas vezes assim. E eu cheguei pra
trabalhar e não tinha um lugar pra mim. “Aí me colocaram na limpeza e
montagem do ‘kit” de manipulação onde eu montava seringas e minha mão só
foi crescendo. Aí eu fui ficando “durinha”, não tinha forças mais! Aí eu disse
que ficar ali não ia dar, porque minha mão estava piorando. Eu estou com
hérnia no pescoço. Protrusão discal. Mas isso dói, heim Aí eu disse, não vai
dar pra eu ficar no “kit” não. Aí então eu fui trabalhar na farmácia. Eu olho
aquelas “caixonas” pra eu por no chão e nas prateleiras,e abaixa, levanta, aí
você tem que carregar tudo aquilo. Vai buscar lá embaixo e empurra aqueles
carrinhos tudo cheio, pesado. Caixas de soro. Aí eu disse, eu não vou agüentar
esse negócio!Então eu não pude ficar.
Aí a chefe do CC pediu pra eu ficar na recuperação pós-anestésica, mas como
é que eu poder ficar responsável pelo paciente, criança, novo, velho, e se agita
um paciente desse Mas foi dito e feito. Um paciente forte, grande e agitado no
pós-cirúrgico e se eu derrubo um paciente desse Eu estava com dor mesmo e
desci para PS e Dr. Y, me mandou embora pra casa e disse que o dia que eu
precisasse, pois você não tem condições de trabalhar mesmo!
Bem, depois disso que eu recebi uma convocação pra ir à perícia em São
Paulo, e o médico de lá também ficou bravo comigo, mas eu levei um rol
“falso”, pois diz que eu só atendo telefone, que eu recepciono os
acompanhantes dos pacientes em recuperação, mas imagine que eu faço só
isso! E lá está constando que eu faço só isso 44 .
Aí o medico de lá viu o meu diagnóstico e meu prognóstico e deu parecer
favorável para a readaptação. Disse: você vai cuidar de você! Vai medicar o
paciente em pé ou sentada e só isso!