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FACULDADE DE MEDICINA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO ... - Unesp

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seca. Aí eu fiz um enxerto, tirou três centímetros do osso do quadril e<br />

aumentou em três centímetros. Depois disso deu uma melhorada, melhorada<br />

em termos porque eu fiquei três anos diretos, passando em consulta, tomando<br />

Tramal, tomando relaxante, porque o doutor falou que eu tinha que ficar<br />

totalmente relaxada. Mesmo depois da cirurgia, durante ainda uns três anos,<br />

ainda formigava 24 horas. Eu não posso ficar muito tempo sentada nem muito<br />

tempo em pé 15 . Já estou começando a sentir agora. Está querendo começar a<br />

formigar. Aí eu tenho que deitar durante 10 a 15 minutos. Eu tenho essa<br />

orientação por escrito do doutor. Quando eu começar a sentir dor eu tenho que<br />

deitar uns 15 minutos. Eu fiz uma última ressonância, porque começou a voltar<br />

a dor, mais forte. Fiz uma ressonância recente e estou com outra compressão,<br />

só que ele disse que ou a minha coluna está muito deteriorada, desidratada,<br />

em último caso, a última coisa que ele vai tentar é eu evitar, ao máximo, de<br />

pegar peso. Inclusive ele falou que o peso maior que eu poderia estar pegando<br />

é uma caneta, uma escova de dente. Eu falei para o doutor que era impossível,<br />

pois a gente trabalha em um hospital, mesmo readaptada, é impossível fazer<br />

isso 16 . Porque eu já cansei de ouvir dizer: “Você está doente, fique em casa!” 17 .<br />

Porque a gente vem pra atender um paciente, atender uma campainha, dar<br />

atenção, uma palavra para um paciente que está pior e eu estou colaborando.<br />

Não era só isso que eu queria estar fazendo, eu queria estar produzindo mais,<br />

mas infelizmente minha doença não permite, não é porque eu quero. Isso leva<br />

a gente á um estresse tremendo! Um desgaste tremendo! (emocionou-se<br />

novamente) 18 . Então é isso, eu fiz a cirurgia, fiz acompanhamento com o<br />

médico da dor, faço uso de Amplictil, Rivotril e Tramal que é para relaxar e para<br />

dor. Esses remédios eu tomo constantemente para eu poder vir trabalhar 6<br />

horas. Se eu ficar em casa, tenho que fazer o almoço e eu não consigo mexer<br />

uma panela, mexer um arroz, porque não dá para fazer esse movimento do<br />

braço. Os médicos falaram que meu caso é sério, é comprometedor, que eu<br />

posso ficar até paraplégica se for submetida à outra cirurgia. Mas quem olha<br />

pra gente, aparentemente, não vê. Acha que você não quer trabalhar, que está<br />

blefando, só que você tem tudo ali 19 . Aí eu questionei com o doutor, porque é<br />

duro ouvir pelos corredores, funcionários atrás de você dizendo: AH! Fulano<br />

está andando aí pelos corredores! É lógico, eu não posso parar! Então para<br />

você estar doente, você tem que estar com uma perna amputada ou um<br />

membro decepado! Eu não posso me entregar, porque se eu me entregar eu<br />

vou piorar! Eu tenho que trabalhar a minha mente e aprender a conviver com a<br />

minha doença! Eu sei que não vai ter cura 20 . O médico já me disse que eu não<br />

vou ter cura e que meu estágio é regressivo. Nessa ultima licença que eu tirei,<br />

ele colocou “quadro regressivo”.<br />

Aí eu não podia mais mexer com o paciente, fazer força. E nas centrais de<br />

materiais eu teria que pegar caixas pesadas, caixas de mais ou menos 100<br />

peças. Eu tinha que ficar em uma mesma posição, montando essas caixas por<br />

várias horas e eu não agüentava ficar 21 . Aí ele (doutor) pediu para eu sair da<br />

central de materiais e fazer um serviço mais leve. Aí me puseram para ficar na<br />

sala de acolhimento e lá eu ia ter que ficar conversando com os pacientes. Até<br />

fiquei contente né Porque eu gosto de lidar com gente, com o ser humano.<br />

Porque eu já trabalhei muito em pronto socorro e era o que eu mais gostava,<br />

atender ali, dar uma força para a família. Tranqüilizar essa família porque como<br />

a gente também já passou por isso, já passou pelo centro cirúrgico, a gente<br />

sente o problema do outro, a angústia, a ansiedade da espera do paciente 22 . Aí

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