FACULDADE DE MEDICINA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO ... - Unesp
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ser. Ontem até chorei, porque eu falei para meu marido, se eu me aposentar, é<br />
tão ruim pra gente, sabia Eu não posso me sentir uma inválida, de jeito<br />
nenhum! 50<br />
Seria o certo então ter uma pessoa para explicar para as outras quando a<br />
gente é readaptada, o que pode fazer e ficar acompanhando. A própria<br />
supervisora a chefia, néAté pra gente mesmo, explicar o que a gente pode<br />
fazer, porque se acontece alguma coisa a lei é dos trabalhadores, né Agora<br />
eu não sei se eu vou voltar trabalhar lá. Eu espero que tenha um “canto” pra<br />
mim 51 .<br />
Depoimento 8<br />
Codinome – Babosa<br />
1 - Olha, assim, eu sempre trabalhei. Formei-me em 1976, fui trabalhar em<br />
1977 e naquela época eram poucos funcionários para 30 e poucos pacientes.<br />
Então você tinha desde cuidados, medicações, levantar pacientes que<br />
precisavam, às vezes, de duas a três pessoas, então era bem complicado. E ás<br />
vezes você pega peso além do seu porte físico, além do que você suporta. E<br />
foi assim durante muitos anos. Daí eu trabalhei no pronto socorro. Empurrava<br />
maca com pacientes pesados. Muitas vezes você até descia com o paciente<br />
empurrando o pela lateral sozinha. A gente fazia porque eram poucos<br />
funcionários e não tinha como. Então isso contribuiu muito porque forçava<br />
muito a coluna da gente 1 . E aí com o passar do tempo, eu trabalhava mais,<br />
trabalha em Palmital e teve um acidente. Na época a estrada era o “corredor da<br />
morte”, então chegaram de madrugada do acidente e fui lá à porta e o paciente<br />
estava todo ensangüentado. Estava eu e o motorista, ele e eu pegamos na<br />
maca e puxei para o meu lado e no corre-corre do atendimento eu não percebi<br />
e eu comecei a sentir dor 2 . Não sei se foi justamente esse ponto que<br />
desencadeou. Quer dizer, desencadeou daí. Porque até então eu trabalhava e<br />
não tinha dor na coluna. Em 1986/87, foi que aconteceu isso. Aí, no outro dia<br />
eu não conseguir ir trabalhar. Fui para o médico, ele medicou. Aí eu fiquei<br />
engessada da cervical até a região abdominal, e eu fiquei engessada 18 dias<br />
tomando Dolantina na veia porque a dor era insuportável! Aí fui, fiz exames,<br />
sempre tratando, sempre com dor na cervical, sempre usando colete, usando<br />
colar cervical. Dessa época pra cá eu não fui mais gente, não sei o que é ficar<br />
nenhum dia sem tomar remédio para a dor 3 . Hoje eu tomo medicações<br />
constantes de Tramal de 8 em 8 horas. E quando eu entro em crise, eu tenho<br />
que internar e tomar até morfina. Aí fui tratando com vários ortopedistas,<br />
fazendo exames, mas nunca chegavam a um diagnóstico correto, só paliativo e<br />
a dor aumentando 4 , aumentando, até que chegou um dia, eu estava<br />
trabalhando aqui e não agüentava mais. Eu chorava porque não tinha como<br />
ficar sentada, como fica em pé, única coisa que melhorava um pouco era<br />
deitada e começou formigamento e meu braço começou a ficar edemaciado, o<br />
braço do lado direito 5 . Aí eu saí daqui e fui até a chefia e pedi para ir ao pronto<br />
socorro, na ortopedia para ver se achava um médico que me desse alguma<br />
coisa porque eu não suportava a dor 6 . Cheguei lá o médico mal olhou para mim