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a segurança de barragens ea gestão de recursos hídricos no brasil

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suplementares <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r profundida<strong>de</strong>. As memórias <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> terra<br />

homogên<strong>ea</strong> mostram uma trincheira <strong>de</strong> fundação com a largura igual à da<br />

base do açu<strong>de</strong>. As plantas <strong>de</strong> 1934, já apresentam perfis com <strong>de</strong>talhes técnicos<br />

importantes: cortina impermeável, filtro, maciço drenante, proteção <strong>de</strong> talu<strong>de</strong><br />

e fundação central <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r largura.<br />

Devemos lembrar que a seca <strong>de</strong> 1877 ‘não encontrou açu<strong>de</strong> que tivesse<br />

sido feito por mão <strong>de</strong> engenheiro’ e que somente <strong>no</strong> início <strong>de</strong>ste século começouse<br />

a aplicar algumas <strong>no</strong>rmas técnicas. Aliás, vimos que os açu<strong>de</strong>s feitos por<br />

particulares entre 1877 e 1915, muitas vezes apresentavam qualida<strong>de</strong> superior<br />

à das obras do gover<strong>no</strong>. Alguns técnicos ilustraram-se por alvitres <strong>de</strong>scabidos<br />

e até ridículos que evi<strong>de</strong>nciavam a <strong>de</strong>fasagem entre a ‘ciência das capitais e<br />

a r<strong>ea</strong>lida<strong>de</strong> <strong>no</strong>r<strong>de</strong>stina. Phelippe Guerra disso dá, não sem humor, um exemplo<br />

admirável, citando o caso <strong>de</strong> um ‘ilustre engenheiro que indo a Londres on<strong>de</strong><br />

observou e estudou systemas <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s, voltou fazendo propaganda, pela<br />

imprensa official do Estado, aconselhando, como medida salvadora para<br />

impedir estragos <strong>de</strong> formigas e tatus nas pare<strong>de</strong>s dos açu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> terra, revestilas<br />

<strong>de</strong> chapas <strong>de</strong> aço.<br />

As <strong>de</strong>ficiências técnicas (na construção e <strong>no</strong> dimensionamento da represa<br />

bem como do sangradouro) foram e são a causa <strong>de</strong> muitos arrombamentos, o<br />

que significa gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> capital. Já foi assinalado o gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s encontrados arrombados, por um levantamento <strong>de</strong> 1906, bem como<br />

a hecatombe observada <strong>no</strong> fim do Império. R. Crandall comenta suas próprias<br />

observações: ‘Em todo o sertão, ou em outros districtos on<strong>de</strong> existem açu<strong>de</strong>s<br />

particulares, <strong>no</strong>tam-se um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s arrombadas. A maior<br />

parte <strong>de</strong>llas são construídas por fazen<strong>de</strong>iros sem qualquer conhecimento das<br />

dimensões <strong>de</strong> uma represa, as quaes por eco<strong>no</strong>mia são ordinariamente por<br />

<strong>de</strong>mais reduzidas. Pelo que observei <strong>no</strong> Sertão, neste an<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1910, julgo<br />

que as perdas causadas aos peque<strong>no</strong>s fazen<strong>de</strong>iros pelos diques arrombados<br />

elevam-se a mais do total dispendido pela Inspectoria das Obras Contra as<br />

Seccas, com a sua verba <strong>de</strong> 1000 contos; e enquanto o povo for <strong>de</strong>ixado aos<br />

seus próprios <strong>recursos</strong> será sempre assim.<br />

Na mesma época, refere o Dr. Antônio Olyntho dos Santos Pires, <strong>no</strong>s<br />

‘Estudos e Obras Contra os Effeitos das Sêccas’ que dos 64 açu<strong>de</strong>s<br />

mandados construir pelo Gover<strong>no</strong> fe<strong>de</strong>ral, a partir <strong>de</strong> 1887, já 18 estavam<br />

arrombados e 13 necessitavam <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s reparos para continuarem a<br />

preencher seus fins’.<br />

Quase 30 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pois, Eloi <strong>de</strong> Souza, em um artigo intitulado ‘Porque<br />

arrombam os açu<strong>de</strong>s particulares’, dá as seguintes precisões:<br />

“Antigamente, e daí <strong>no</strong>s advieram males sem conta, o açu<strong>de</strong> era<br />

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