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a segurança de barragens ea gestão de recursos hídricos no brasil

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construído sem atenção à soli<strong>de</strong>z da pare<strong>de</strong> e à capacida<strong>de</strong> do sangradouro.<br />

Este era rasgado por um simples golpe <strong>de</strong> vista do “mestre <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>”, e aquela<br />

estava apenas confiada ao recalque das patas dos bois mansos, que arrastavam<br />

um couro cheio <strong>de</strong> terra, <strong>de</strong>rramada em direções retilin<strong>ea</strong>s por camadas<br />

superpostas, que pouco a pouco elevavam a pare<strong>de</strong> ao nível <strong>de</strong>sejado. Isso<br />

se fazia e ainda há quem faça hoje ao léo da sorte, muitas vezes até sem ser<br />

consi<strong>de</strong>rada a insuficiência ou o excesso da ár<strong>ea</strong> <strong>de</strong> captação.<br />

No primeiro caso o açu<strong>de</strong> raramente enchia, enquanto que do segundo<br />

as mais das vezes arrombavam, ocasionando igual <strong>de</strong>sastre a outro ou a outros<br />

que lhe ficavam a jusante.( ...)<br />

Ainda <strong>no</strong> a<strong>no</strong> passado, nada me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> cinco açu<strong>de</strong>s construídos num<br />

só riacho <strong>de</strong> certo município do Seridó, foram por essa forma <strong>de</strong>struídos.<br />

Esses <strong>de</strong>sastres representam, <strong>no</strong> dinheiro que se foi com a barragem, e <strong>no</strong>s<br />

prejuízos <strong>de</strong>correntes dos lucros cessantes, alguns milhares <strong>de</strong> contos. Num<br />

<strong>de</strong>cênio, e só naquela região, nada me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> cento e onze açu<strong>de</strong>s foram<br />

<strong>de</strong>struídos, em conseqüência do arrombamento <strong>de</strong> outros”.<br />

Alguns trabalhos sobre a estimativa do número <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s <strong>no</strong> Estado do C<strong>ea</strong>rá<br />

(FUNCEME, 1988; Macedo, 1981; PERH 1992 etc.) indicam que existem em<br />

tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 8.000 açu<strong>de</strong>s. Menescal et allii (1997) apresenta um Cadastro Preliminar<br />

dos Açu<strong>de</strong>s Existentes <strong>no</strong> Estado do C<strong>ea</strong>rá. Este trabalho foi posteriormente objeto<br />

<strong>de</strong> complementação em COGERH (2000b), on<strong>de</strong> 300 açu<strong>de</strong>s foram inspecionados<br />

<strong>no</strong> campo e efetuados estudos hidrológicos com metodologias mais atuais. Neste<br />

mesmo estudo foram feitos levantamentos topo-batimétricos <strong>de</strong> 86 reservatórios<br />

para uma r<strong>ea</strong>valiação da sua capacida<strong>de</strong> hidráulica.<br />

Entretanto, a metodologia utilizada nestes levantamentos po<strong>de</strong> ser questionável<br />

em relação a abrangência para todo o estado. Desta forma, a estimativa que<br />

acreditamos ser mais r<strong>ea</strong>lista, é a <strong>de</strong> Molle (1991) que estima um número <strong>de</strong> 70.000<br />

açu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todos os tamanhos e tipos para o Nor<strong>de</strong>ste como um todo. Mantendo a<br />

proporção com estudos anteriores, po<strong>de</strong>mos estimar o número <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s <strong>no</strong> Estado<br />

do C<strong>ea</strong>rá como da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 30.000, ou seja, 1 açu<strong>de</strong> a cada 5 km 2 , provavelmente<br />

o maior número <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s por Estado <strong>de</strong> todo o Brasil. Em algumas regiões on<strong>de</strong><br />

esta concentração é maior, como é o caso da Bacia do Jaguaribe, esta proporção<br />

po<strong>de</strong> chegar a 1 açu<strong>de</strong> a cada 1,5 km 2 . A Figura 1 apresenta a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> açudagem<br />

da Região Metropolitana <strong>de</strong> Fortaleza que corrobora esta estimativa. Alguns <strong>de</strong>stes<br />

peque<strong>no</strong>s barramentos são <strong>de</strong><strong>no</strong>minados <strong>de</strong> forma sui generis como: “Vai quem<br />

quer”, “Veremos”, “Vamos Ver”, “Apertado da Hora”, “Boi Morto”, “Breguedof”,<br />

“Sim”, “Querido”, “Parceleiros da Cococa” etc. Muitos <strong>de</strong>stes barramentos, por<br />

<strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> projeto, construção ou manutenção, são <strong>de</strong>struídos <strong>no</strong>s períodos <strong>de</strong><br />

maior escoamento o que dificulta ainda mais este levantamento pelo caráter dinâmico<br />

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