9. Violência <strong>de</strong> género e violência doméstica9.1 Contexto nacionalNa IV Conferência Mundial das Nações Unidas sobre as Mulheres, realizada em 1995, em Pequim, a ViolênciaContra as Mulheres foi <strong>de</strong>finida como “todo o acto <strong>de</strong> violência baseado no género <strong>de</strong> que resulte ou possaresultar sofrimento ou lesão física, sexual ou psicológica <strong>para</strong> as mulheres, incluindo a ameaça da prática <strong>de</strong> taisactos, a coacção ou privação arbitrária da liberda<strong>de</strong>, quer ocorram na esfera pública quer na privada. Porconseguinte a violência contra a mulher po<strong>de</strong> revestir-se, entre outras, das seguintes formas: a) a violência física,sexual e psicológica na família, (…) ao nível da comunida<strong>de</strong> em geral, (…) e (…) perpetrada e tolerada peloEstado, on<strong>de</strong> quer que ocorra. ” (ONU, 1995: 51).Por outro lado, <strong>de</strong> acordo com a alínea a), do artigo 2º da Lei n.º112/2009 <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> Setembro, consi<strong>de</strong>ra-se vítima,“a pessoa singular que sofreu um dano, nomeadamente um atentado à sua integrida<strong>de</strong> física ou mental, um danomoral, ou uma perda material, directamente causada por acção ou omissão, no âmbito do crime <strong>de</strong> violênciadoméstica”.Actualmente o Código Penal português (CP) já consagra expressamente (no artigo 152º: Violência Doméstica) quepratica o crime <strong>de</strong> violência doméstica “Quem, <strong>de</strong> modo reiterado ou não, infligir maus tratos físicos ou psíquicos,incluindo castigos corporais, privações da liberda<strong>de</strong> e ofensas sexuais: a) Ao cônjuge ou ex-cônjuge; b) A pessoa<strong>de</strong> outro ou do mesmo sexo com quem o agente mantenha ou tenha mantido uma relação análoga à doscônjuges, ainda que sem coabitação; c) O progenitor <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte comum em 1.º grau; ou d) A pessoaparticularmente in<strong>de</strong>fesa, em razão <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ficiência, doença, gravi<strong>de</strong>z ou <strong>de</strong>pendência económica, que comele coabite; é punido com pena <strong>de</strong> prisão <strong>de</strong> um a cinco anos, se pena mais grave lhe não couber por força <strong>de</strong>outra disposição legal.”Para além <strong>de</strong>ste artigo específico, a lei também criminaliza, o crime qualificado (artigo 132º do CP), as ofensas àintegrida<strong>de</strong> física qualificadas (artigo 145.º do CP), as ameaças (artigo 153.º do CP), a coacção (artigo 154.º doCP), o sequestro (artigo 158.º), a violação (artigo 164.º), os crimes sexuais contra menores (artigos 171.º a 176.ºdo CP), a agravação em função da qualida<strong>de</strong> do agente (artigo 177.º do CP).A violência doméstica refere-se, assim, à agressão física, psicológica e sexual perpetrada por qualquer familiar ourelacionado, não só contra mulheres, mas também <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes ou outros indivíduos particularmente vulneráveis.No entanto, apesar <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> violência afectar idosos, crianças e portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, a realida<strong>de</strong>continua a comprovar que são maioritariamente as mulheres as mais atingidas sendo, por isso, uma questão <strong>de</strong>violência <strong>de</strong> género 46 .46 De acordo com a Resolução do Conselho <strong>de</strong> Ministros n.º 83/2007 <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> Junho, que aprova o III <strong>Plano</strong> NacionalContra a Violência Doméstica (2007-2010).<strong>Plano</strong> <strong>Municipal</strong> <strong>de</strong> <strong>Igualda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Género</strong>, 146
A violência <strong>de</strong> género po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como qualquer tipo <strong>de</strong> agressão (física, psicológica, sexual, <strong>de</strong><strong>de</strong>scriminação sociocultural ou outro tipo) perpetrada quer por amigos, familiares, conhecidos ou <strong>de</strong>sconhecidos eoriginada no âmbito da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res associada aos estereótipos <strong>de</strong> género.Em 2007, o Gabinete <strong>de</strong> Investigação em Sociologia Aplicada (SociNova) e o Centro <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Sociologia(CesNova), ambos ligados Universida<strong>de</strong> Nova <strong>de</strong> Lisboa e a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Sociais e Humanas damesma Universida<strong>de</strong>, em colaboração com a Comissão <strong>para</strong> a Cidadania e <strong>Igualda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Género</strong> (CIG), levaram acabo o Inquérito à Violência <strong>de</strong> <strong>Género</strong>. Deste estudo, efectuado ao nível do continente, ressalvam-se asseguintes conclusões (Lisboa, 2008: 3-5; Lisboa, 2010):Cerca <strong>de</strong> 38% das mulheres foram alvo <strong>de</strong> violência <strong>de</strong> género. Por outras palavras, este tipo <strong>de</strong> violênciaafecta, em média, cerca <strong>de</strong> uma em cada três mulheres;A violência física representa 22,6% do total <strong>de</strong> agressões contra mulheres, a violência sexual 19,1%, apsicológica 53,9% e a discriminação social, 52,9%;A reacção mais frequente das vítimas é “não fazer nada” (42%). Regista, no entanto, uma percentagemcrescente que apresenta participação à polícia quando as agressões se revestem <strong>de</strong> maior gravida<strong>de</strong>. Derelevar, ainda, neste âmbito, a importância do papel das re<strong>de</strong>s sociais no apoio quotidiano e quebra doisolamento, dos estabelecimentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, sobretudo nas agressões físicas <strong>de</strong> maior gravida<strong>de</strong>, e oaumento do número <strong>de</strong> divórcios;No que se refere às causas das agressões percepcionadas pelas vítimas, estas remetem <strong>para</strong> a<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res associada aos estereótipos <strong>de</strong> género, sendo as causas mais apontadas ociúme e o sentimento <strong>de</strong> posse.Por outro lado, este estudo preten<strong>de</strong>u ser o primeiro inquérito realizado, ao nível nacional e europeu,representativo da população resi<strong>de</strong>nte em Portugal com 18 ou mais anos, pelo que abrangeu também o universomasculino. Deste modo, tornou possível a com<strong>para</strong>ção da vitimação que atinge homens e mulheres (Lisboa,2010).Neste âmbito, salienta-se que a vitimação dos homens (43%) é superior à das mulheres (38%), tratando-se, noentanto, <strong>de</strong> uma violência diferente da registada nestas. No entanto, se isolarmos só os actos criminalizáveis noCódigo Penal como Violência Doméstica, registamos, neste inquérito, uma percentagem <strong>de</strong> 6,4% <strong>para</strong> asmulheres e 2,3% <strong>para</strong> os homens, ou seja, a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma mulher ser vítima <strong>de</strong> violência doméstica é <strong>de</strong>cerca <strong>de</strong> três vezes superior à <strong>de</strong> um homem.Em 75% dos casos o agressor da mulher é um homem, no caso das agressões a homens são também outroshomens os principais autores, em percentagens equivalentes às das mulheres. No que se relaciona com a relação<strong>de</strong> parentesco com o autor da agressão, nas mulheres predominam os cônjuges, companheiros ou namorados<strong>Plano</strong> <strong>Municipal</strong> <strong>de</strong> <strong>Igualda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Género</strong>, 147
- Page 2 and 3:
INTRODUÇÃO1. Porquê um Plano Mun
- Page 4 and 5:
PARTE IIIA situação da igualdade
- Page 6 and 7:
Aspirações e ExpectativasAnálise
- Page 8 and 9:
O conceito de Igualdade de Género
- Page 10 and 11:
Gender mainstreaming é a integraç
- Page 12 and 13:
Relativamente à avaliação da sit
- Page 14 and 15:
Desenvolver uma rede de serviços d
- Page 16 and 17:
― promoção do acesso à educaç
- Page 18 and 19:
- apoio à Família e à Comunidade
- Page 20 and 21:
METODOLOGIA1. Contextualização do
- Page 22 and 23:
Uma vez que os questionários foram
- Page 24 and 25:
“Uma empresa que integra a iguald
- Page 26 and 27:
O diagnóstico que seguidamente se
- Page 28 and 29:
° Em termos de tipo de vínculo, n
- Page 30 and 31:
No âmbito dos processos de recruta
- Page 32 and 33:
Não obstante o facto de se mantere
- Page 34 and 35:
AfirmaçõesMédiaRespostasSexo Fem
- Page 36 and 37:
Para efeitos de caracterização pr
- Page 38 and 39:
Respostas válidasRespostas nãová
- Page 40 and 41:
Também quando confrontados com a a
- Page 42 and 43:
3.6 (Des) igualdade no contexto do
- Page 44 and 45:
1) Na unidade orgânica que dirige
- Page 46 and 47:
a) Características masculinas1 2 3
- Page 48 and 49:
Frequência %%RespostasválidasRíg
- Page 50 and 51:
Respostas % Relativa % AbsolutaSubs
- Page 52 and 53:
3.8.3 ParticipaçãoEm termos de pa
- Page 54 and 55:
SexoTotalMasculino FemininoO Própr
- Page 56 and 57:
No que concerne à realização de
- Page 58 and 59:
SexoTotalMasculino FemininoO Própr
- Page 60 and 61:
No que concerne à tarefa de levar
- Page 62 and 63:
No que concerne à temática da par
- Page 64 and 65:
3.10. Vivências e percepções em
- Page 66 and 67:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11Sexo Total S
- Page 68 and 69:
2.1 População residenteNo caso co
- Page 70 and 71:
Unidade GeográficaÍndices de depe
- Page 72 and 73:
Deste modo, podemos afirmar que, no
- Page 74 and 75:
Classe EtáriaTotalSolteiroLegalmen
- Page 76 and 77:
3. Educação e Emprego3.1 Educaç
- Page 78 and 79:
No ano lectivo de 2008/2009, estuda
- Page 80 and 81:
O presente ponto dedicado à temát
- Page 82 and 83:
3.2.2 Indicadores de emprego, taxas
- Page 84 and 85:
Apesar de não existirem dados actu
- Page 86 and 87:
O território de Oeiras caracteriza
- Page 88 and 89:
Detalhe de Número de Pessoas ao Se
- Page 90 and 91:
Oeiras segue a tendência nacional
- Page 92 and 93:
4. Protecção SocialSegundo estima
- Page 94 and 95:
Cerca de 53% dos beneficiários do
- Page 96 and 97: 5. Conciliação entre a vida pesso
- Page 98 and 99: limpezas, passar a ferro, cozinhar,
- Page 100 and 101: Idade média ao primeirocasamento:
- Page 102 and 103: RespostaSocialTotal decriançasRede
- Page 104 and 105: Denote-se, ainda, que cerca de 4.80
- Page 106 and 107: A Unidade Residencial I, localizada
- Page 108 and 109: Em Resumo:Cientes da importância d
- Page 110 and 111: Por outro lado, na esfera doméstic
- Page 112 and 113: A qualidade do ar na região de Lis
- Page 114 and 115: A poluição do ar interior pode se
- Page 116 and 117: disponibilidade e qualidade (numa
- Page 118 and 119: 6.1.3 Energia e alterações climá
- Page 120 and 121: O sector dos Transportes apresenta
- Page 122 and 123: 6.1.4 Sistemas naturais e espaços
- Page 124 and 125: como também tem sido crescente o r
- Page 126 and 127: possível determinar se esta reduç
- Page 128 and 129: Não se conhecem estudos sobre even
- Page 130 and 131: OeirasSintraCascaisLisboaAmadoraLou
- Page 132 and 133: OrigemNenhumAutocarroEléctrico/ Me
- Page 134 and 135: consequências em termos de possibi
- Page 136 and 137: Unidade GeográficaVeículos autom
- Page 138 and 139: No que se refere à esperança de v
- Page 140 and 141: Comportamentos SaudáveisComportame
- Page 142 and 143: 8. Justiça8.1 CriminalidadeA taxa
- Page 144 and 145: Ano Transitados Instaurados Reabert
- Page 148 and 149: (42%), enquanto que os homens menci
- Page 150 and 151: No Auto de Notícia/ Denúncia Padr
- Page 152 and 153: São, na sua maioria, casadas (47,6
- Page 154 and 155: 10. Grupos em situação de vulnera
- Page 156 and 157: cuidados à família e ao trabalho
- Page 158 and 159: deste estudo, foram efectuados 422
- Page 160 and 161: ou seja, família nuclear com filho
- Page 162 and 163: Tipo de Núcleo eEscalão Etário d
- Page 164 and 165: Instituição Utentes Lista deEsper
- Page 166 and 167: 10.4 População sem abrigo10.4.1 C
- Page 168 and 169: Em Resumo:A pobreza da mulher encon
- Page 170 and 171: Fonte: CMO, 2007: 51.Quadro 133. H
- Page 172 and 173: egular e abordagem continuada e imp
- Page 174 and 175: desportivo da CMO. Desta forma, e u
- Page 176 and 177: 12. Cidadania12.1. Governância e p
- Page 178 and 179: oooO primeiro dos quais referente
- Page 180 and 181: 12.3 Participação Cívica e Assoc
- Page 182 and 183: Participação nos órgãos sociais
- Page 184 and 185: PARTE IIIA situação da igualdade
- Page 186 and 187: qualificação dos munícipes por c
- Page 188 and 189: Seguidamente, e questionados se, no
- Page 190 and 191: Questionados sobre se o Organismo a
- Page 192 and 193: No âmbito dos processos de promoç
- Page 194 and 195: Frequência %% RespostasválidasRes
- Page 196 and 197:
Foram apuradas as seguintes formas
- Page 198 and 199:
Em resumo:Na perspectiva dos agente
- Page 200 and 201:
Considera-se que as áreas de inter
- Page 202 and 203:
Incentivar amaiorparticipação dop
- Page 204 and 205:
4.1.1 CRONOGRAMA2011Medida Jan Fev
- Page 206 and 207:
4.2. Vertente ExternaApós ser deli
- Page 208 and 209:
444564.1. Manual deProcedimentos/Pr
- Page 210 and 211:
4.2.1 CronogramaAcções/ Projectos
- Page 212 and 213:
oooAvaliação de desempenho- incid
- Page 214 and 215:
5.2.2. Monitorização do PlanoCons
- Page 216 and 217:
BIBLIOGRAFIAASSOCIAÇÃO PORTUGUESA
- Page 218 and 219:
GIANNELLI, Gianna C., et all., 2010
- Page 220 and 221:
MALHEIROS, Jorge e Padilla, Beatriz
- Page 222 and 223:
SANTOS, Maria de Lourdes Lima, Coor
- Page 224 and 225:
6. Na formação certificada é int
- Page 226 and 227:
14. Na marcação dos horários por
- Page 228 and 229:
18. A Entidade incentiva os homens
- Page 230 and 231:
Anexo 2[QUESTIONÁRIO DIRIGENTES DO
- Page 232 and 233:
9. Identifique as principais caract
- Page 234 and 235:
15. Na unidade orgânica que dirige
- Page 236 and 237:
Muitas mulheres adiam a maternidade
- Page 238 and 239:
23. Posicione-se perante a evoluç
- Page 240 and 241:
25. Indique com que frequência cos
- Page 242 and 243:
Anexo 3[QUESTIONÁRIO COLABORADORES
- Page 244 and 245:
PARTE II. USO DO TEMPO NA ESFERA LA
- Page 246 and 247:
PARTE III - USO DO TEMPO NA ESFERA
- Page 248 and 249:
18. Alguma vez foi alvo das seguint
- Page 250 and 251:
19. Posicione-se perante as seguint
- Page 252 and 253:
1.3 Identifique as principais carac
- Page 254 and 255:
PARTE IISITUAÇÃO DA IGUALDADE DE
- Page 256 and 257:
11. As pessoas que trabalham na org
- Page 258 and 259:
19. A Entidade incentiva os homens
- Page 260 and 261:
Anexo 5[RESUMO DO DIAGNÓSTICO COND
- Page 262 and 263:
Potencialidades(Contexto Externo ao
- Page 264 and 265:
Indice de Quadros1 Beneficios do ma
- Page 266 and 267:
65 Núcleos Familiares Monoparentai
- Page 268 and 269:
125 Resumo da caracterização da p