03.04.2019 Views

VendaMais-259-Manifesto-em-vendas

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

competentes e preços competitivos.<br />

Os diretores percebiam<br />

que havia certa desmotivação<br />

entre seus profissionais e não<br />

sabiam exatamente por quê. Como<br />

eram engenheiros de formação,<br />

talvez faltasse um bom treinamento<br />

de <strong>vendas</strong>, pensaram.<br />

Afinal, no passado distante,<br />

isso tinha feito a equipe melhorar<br />

bastante. Montamos um programa<br />

com o RH e, uma vez<br />

aprovado, começamos.<br />

No primeiro evento, eu mal<br />

havia começado o treinamento<br />

quando percebi que havia algo<br />

estranho. Já na apresentação de<br />

cada um, notei uma certa dose de<br />

ironia, insinuações que eu não<br />

conseguia entender b<strong>em</strong> a que se<br />

referiam. Como o grupo incluía<br />

alguns gerentes, pensei que talvez<br />

por isso as insatisfações foss<strong>em</strong><br />

camufladas. Outro aspecto que<br />

levei <strong>em</strong> conta é que eu não era<br />

da <strong>em</strong>presa, e não se conta a estranhos<br />

os “probl<strong>em</strong>as da família”,<br />

não é verdade?<br />

É sabido que os engenheiros<br />

de <strong>vendas</strong> são pessoas bastante<br />

críticas, especialmente quando<br />

o instrutor não é um deles. Eu,<br />

porém, já era b<strong>em</strong> escolado com<br />

esse público. A matéria precisa<br />

ser prática e tangível. Sabia que<br />

a lógica e a razão dev<strong>em</strong> prevalecer<br />

sobre o <strong>em</strong>ocional quando<br />

se fala de metodologia. É preciso<br />

ter foco na melhoria de resultados.<br />

Com essas qualificações e<br />

o instrutor passando a confiança<br />

de qu<strong>em</strong> já vivenciou aquilo<br />

de que está falando, funciona<br />

muito b<strong>em</strong>.<br />

Falávamos sobre os princípios<br />

do atendimento. Um deles era “comprometimento”<br />

no atendimento e<br />

outro era a “integridade” de qu<strong>em</strong><br />

se comunica com o cliente. Nos<br />

comentários dos exercícios, várias<br />

posições “gelatinosas” ficavam<br />

visíveis. Eles achavam que,<br />

“<strong>em</strong> tese”, isso era importante.<br />

Entretanto, a <strong>em</strong>presa poderia,<br />

por razões de mercado, deixar de<br />

atender dentro dos padrões esperados.<br />

Pedi que alguém deixasse<br />

claro o que queria dizer com isso.<br />

Eles se entreolharam, até que<br />

um gerente resolveu contar o que<br />

estava acontecendo. Havia uma<br />

revolta desse pessoal com o comportamento<br />

da <strong>em</strong>presa com relação<br />

aos prazos de entrega de<br />

equipamentos eletroeletrônicos<br />

feitos sob encomenda. Os pedidos,<br />

alguns na casa dos milhões<br />

e com prazo de 180 dias para<br />

entrega, sofriam atrasos de até<br />

noventa dias. O que é relevante,<br />

aqui, é que, durante a venda, eles<br />

já sabiam que isso ia acontecer.<br />

Para provocar, eu perguntei:<br />

"Ao dar o prazo, vocês acham que<br />

é razoável mentir para o cliente?"<br />

Ouvi uma fila de desculpas,<br />

concordâncias e discordâncias.<br />

Mas, aos poucos, todos foram se<br />

alinhando, dizendo que não tinham<br />

o que fazer, porque a culpa<br />

era da <strong>em</strong>presa que não conseguia<br />

aumentar a capacidade<br />

da produção. Além disso, acreditavam<br />

que, se dess<strong>em</strong> o prazo<br />

real, os clientes não fariam as<br />

encomendas. Se os clientes não<br />

fizess<strong>em</strong> encomendas, eles não<br />

atingiriam suas metas. E você,<br />

profissional de <strong>vendas</strong>, gestor ou<br />

não, o que faria diante de uma<br />

situação s<strong>em</strong>elhante?<br />

Os fundamentos mais importantes<br />

de uma relação de<br />

negócios boa e duradoura para<br />

as duas partes são: a integridade<br />

e o comprometimento entre<br />

os envolvidos. Assim, fiz com<br />

eles o que se deve fazer para<br />

ajustar a ação com a intenção.<br />

Pedi ao grupo que elaborasse<br />

um conjunto de propostas para<br />

a <strong>em</strong>presa deixar de mentir para<br />

o cliente final e que, ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po, não prejudicass<strong>em</strong> o<br />

faturamento. É claro que, diante<br />

dessa solicitação, vieram imediatamente<br />

as vozes que diziam<br />

que não ia adiantar, que não<br />

haveria mudança.<br />

Foi a minha vez de colocá-los<br />

contra a parede: se a <strong>em</strong>presa quer<br />

continuar enganando o cliente e<br />

você não concorda com isso, só<br />

lhe resta uma alternativa: trabalhar<br />

<strong>em</strong> uma <strong>em</strong>presa que não<br />

engana o cliente. Assim você estaria<br />

ajustado e motivado.<br />

Por outro lado, se a <strong>em</strong>presa<br />

não mudar e você aceitar continuar,<br />

assuma a responsabilidade<br />

de enganar o cliente e procure<br />

viver feliz com isso. Então, não<br />

finja que a responsabilidade não<br />

é sua e pare imediatamente de<br />

reclamar. Isso é coisa que bandidos<br />

faz<strong>em</strong>. Criam uma narrativa<br />

que justifique seu desajuste do<br />

restante da sociedade.<br />

O que aconteceu?<br />

Iniciou-se um movimento<br />

entre eles. Depois de alguns dias,<br />

o grupo levou algumas propostas<br />

aos diretores e conseguiu<br />

mudar a maneira como a <strong>em</strong>presa<br />

lidava com os pedidos, de uma<br />

forma que ficou bom para as<br />

duas partes.<br />

Se você, profissional de <strong>vendas</strong>,<br />

ainda diz que age com pouca<br />

integridade por culpa "disso" ou<br />

"daquilo", l<strong>em</strong>bre-se de que esse<br />

comportamento faz parte de seu<br />

livre arbítrio. A escolha é sua.<br />

"Os fundamentos<br />

mais importantes<br />

de uma relação<br />

de negócios boa e<br />

duradoura para as<br />

duas partes são:<br />

a integridade e o<br />

comprometimento<br />

entre os<br />

envolvidos."<br />

João Alberto Costenaro é<br />

consultor, palestrante e<br />

instrutor nas áreas de <strong>vendas</strong>,<br />

liderança e coaching.<br />

É trainer licenciado pela<br />

Corporate Coach U International.<br />

Visite o site:<br />

www.seleta.com.br<br />

E-mail:<br />

seleta@seleta.com.br<br />

vendamais.com.br - NOVEMBRO-DEZEMBRO 2016 47

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!