Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

Agora vão, o dia já está clareando e logo teremos companhia.
Deixem que cuido do traidor.
Gien deu as instruções para Grassac de como ele deveria
fazer para chegar à ferraria de seu tio e, logo após juntou-se
aos demais companheiros e partiram.
Os primeiros raios solares começaram a traspassar as finas
nuvens em mais uma das belas auroras de Amiens. O tempo já
não estava tão sombrio e o canto dos pássaros podia ser
ouvido com clareza em todos os recantos da Montanha Serena.
Etiènne acordou assustado, olhou ao seu redor tentando
identificar onde estava. A lembrança de Sindazel ainda era
muito forte em sua mente. Não conseguia esquecer tão bela
imagem. Deu um forte suspiro e recostando-se novamente à
rocha sobre a qual dormira, ficou imaginando como faria para
reencontrar aquele maravilhoso ser, por quem estava
perdidamente apaixonado em seu coração.
Estava em seu transe contemplativo quando, de repente,
percebeu assustado que uma raposa avançava velozmente em
sua direção pelo seu flanco esquerdo, emitindo um rosnado
louco e exibindo suas afiadas presas. Sem ação, aguardou
boquiaberto o ataque da feroz criatura que, ao saltar sobre ele,
foi atingida por uma enorme seta. A raposa simplesmente
despencou sobre Etiènne, mas o violento impacto foi a única
contusão sofrida por ele. A seta havia atingido um ponto vital
da fera. Muito assustado, desvencilhou-se do animal morto e
levantou, procurando com muita curiosidade, e ainda com o
coração quase à boca, o autor de tão precisa pontaria.
Vagarosamente caminhava em sua direção, um homem
trajando uma indumentária já conhecida pelos franceses. O
uniforme dos arqueiros de elite do reino bretão.
Instintivamente agarrou sua acha de arremesso num
movimento de defesa, encostando-se sobre a rocha na qual
estivera descansando há pouco e sonhando com Sindazel.
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