Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

Procurando demonstrar amistosidade, o arqueiro agachouse
e largou a seus pés, o longo arco que trazia nas mãos, e
ainda deixou também a pequena arcobalista que vinha
pendurada em sua cintura. Exibindo suas mãos vazias e
falando um “francês” impecável, o inglês tentou um pacífico
contato com Etiènne.
— Amigo, não tenha medo! Estou aqui em paz. — sua voz
era tranqüila, e ganhou suavidade ao misturar-se com o
cantarolar matinal dos pássaros. Mesmo assim, Etiènne não
estava nada tranqüilo, e questionou ao inglês como alguém
trajando tal uniforme poderia estar em paz?
— Muito engraçado, não consigo imaginar como um
maldito arqueiro inglês aparece aqui, na França, vestindo um
uniforme de guerra, possa estar falando de paz!?
— Sei que é difícil imaginar, ou melhor, acreditar. Mas será
que não mereço crédito? Acabei de livrar-te das presas de uma
raposa. Se quisesse poderia ter acertado seu coração, mas não
o fiz. Ou mesmo poderia apreciar como mero espectador, a
conclusão do ataque da fera. Não quero feri-lo, muito pelo
contrário, sou apenas um desertor precisando ser acolhido na
terra de minha falecida mãe, que Deus a tenha em seus
misericordiosos e acalentadores braços.
O estrangeiro continuou conversando calmamente com
Etiènne, que estava atento a qualquer movimento suspeito que
o inglês viesse a fazer.
— Não me julgue como um idiota. Sei que a esta altura já
estaria com uma seta em meu peito. Porém, o que me intriga, é
o fato de querer se aproximar. Por qual motivo seria tua
deserção? — Etiènne fez a primeira de uma série de perguntas
que faria ao estranho.
Possuía um hábito que se irmão Michel considerava um
defeito muito grande. Se envolvia com qualquer estranho com
uma facilidade impressionante. Em menos de uma hora
Etiènne já estaria se tornando espontaneamente amigo do
inglês. Apesar desta atitude, sendo a única exceção o falso
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