Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

para os traidores de Amiens seria a tortura, seguida de
decapitação. Executaria os principais membros do Conselho
em público, como demonstração, para os poucos habitantes
que ainda estavam na cidade, do que acontecia com os
inimigos do rei Philipe. Claro que a acusação era ilícita e
infundada, criada por Martin como desculpa para eliminar
seus inimigos, de acordo com os preceitos da França. Uma
acusação de traição à França era, logicamente, algo muito
sério, mas conduzida de forma mais cautelosa. Na verdade,
acusados e acusadores deveriam apresentar-se em Paris, o fato
deveria ser apresentado ao rei, e somente este poderia julgar e
condenar, conforme os preceitos de seu reinado.
Em algumas vilas, povoados e cidades francesas,
aconteciam torturas, execuções e abuso de poder por parte de
seus governantes diretos, mas isto, até certo ponto, era sabido
e “permitido” pelo rei. Afinal, para manter a ordem e o
respeito em tempos tão conturbados, de vez em quando era
preciso força, e disso o rei Philipe entendia bem. O problema é
que nem tudo era permitido. Usar o nome do rei para
condenar e executar cidadãos franceses por traição à França,
sem o conhecimento de sua majestade, era algo inaceitável.
Era como se fosse um desaforo, ou melhor, passar por cima da
autoridade maior. Este seria o segundo grande erro de Martin.
Começava a se afundar em seus próprios planos, e logo estaria
cometendo mais erros graves. Os carrascos, animadíssimos
com a decisão de Martin, logo se puseram a trabalhar na
montagem do macabro cenário de execução.
Martin Lacroix estava indócil, não acreditava que enfim o
grande dia chegara. Iria eliminar de uma vez por todas o
maldito Conselho que tanto atormentara suas noites de sono
durante meses. Havia decidido que tão logo fossem
executados seus prisioneiros, as fronteiras de sua cidade
seriam liberadas, pois nada mais teria a temer. Os moradores
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