Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

Recuperado da apatia momentânea, Martin exigiu para
si o comando da tropa, impedindo que prosseguissem com as
ordens do capitão. Contrariado, ao ver suas ordens serem
impugnadas, Alain dirigiu-se até Martin, solicitando ao
senhor de Amiens para que pudessem ter uma conversa
reservada.
Os dois caminharam alguns metros em direção à
muralha e, quando sentiram-se à vontade para falar sem que
fossem escutados pelos soldados, Alain revelou suas
intenções.
— Senhor, temos de rever nossa posição. Precisamos
descobrir o que nos aguarda do outro lado destes onipotentes
muros antes de prosseguirmos com nossa missão.
— O que quer dizer com revermos nossa posição? —
indagou Martin, espantado. — Estamos diante de nosso
propósito. Sei o que há atrás destes muros. Há uma turba de
criminosos e traidores, que devem ser condenados e
castigados por seu delito!
Martin, sequer mencionara a palavra julgamento, pois
em sua mente, todos já estavam previamente condenados. A
idéia de poder finalmente vingar-se de Michel, Etiènne, Leon e
todos os outros, não permitia que ele raciocinasse sobre as
circunstâncias em que se encontrava, e Alain, no fundo, queria
alertá-lo para isso.
— Mas senhor, seria mais prudente se soubéssemos,
primeiramente, até que ponto esta gente está armada para um
confronto. E o mais importante, e que não podemos esquecer,
é que estamos isolados neste lugar, sem saber se um dia
poderemos voltar para Amiens. — Apesar de aflito, Alain
procurava manter o tom das palavras de forma amigável,
ainda que seu desejo fosse esbravejar contra seu intransigente
senhor. — Acredito — continuou — que o mais prudente
neste momento seja buscarmos um caminho alternativo que
possa nos conduzir de volta à Amiens.
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