Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

Michel, ajoelhou-se diante da pequena lápide, incrédulo,
testemunhando que um de seus grandes amigos e idealizador
maior do sonho que conquistara, estava ali, sepultado.
— Como foi que aconteceu? — perguntou Michel, com
uma amargura daquelas que nos dá um nó na garganta,
fazendo com que até mesmo a saliva torne-se pesada, espessa
e difícil de engolir.
— Ele nunca se recuperou daqueles ferimentos. Sua
tristeza, estando entrevado na cama, aumentava a cada mês.
No início, ele ainda falava muito de vocês, mas com um
carinho especial por ti, a quem ele transformou numa espécie
de salvador que a qualquer momento entraria pela porta da
casa de meu tio, para levá-lo.
Michel, cerrou os punhos com força e as lágrimas
começaram a brotar-lhe nos olhos. Tentou lutar contra a
emoção, mas quanto mais lutava, mais vulnerável ficava aos
seus sentimentos. Os lábios começaram-lhe a tremer, e ele
inutilmente tentou conter esta reação, mordendo-os.
Gien continuou:
— Depois de três meses, ficou ainda pior. Tinha
pesadelos todas as noites, delirava em febre. Meu tio acredita
que ele tenha enlouquecido por causa da obsessão de que você
viria buscá-lo. Ele começou a dizer coisas impossíveis, de que
tinha conversado com você, de que você o avisou que estaria
chegando, coisas assim.
Michel levou uma das mãos à testa, apoiando sua
cabeça, e começou a soluçar. Não era mais possível conter as
lágrimas, e uma dor de culpa e remorso apoderou-se dele.
— Michel? Não fique assim, ele não podia ser salvo.
— Mas podia ter conhecido Nouvelle Lyon antes de
morrer — respondeu Michel, amargurado, num tom choroso.
Gien sacudiu a cabeça, coçou a orelha, e achou melhor
deixar o amigo sozinho naquele momento.
— Vou deixá-lo só, por algum tempo. Estarei dentro da
casa se precisar de algo — disse.
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