Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

— Levante-se, levante-se! — disse Bakhin, abraçando
calorosamente o francês pela cintura, pois Etiènne, de pé,
tinha o dobro da altura de Bakhin.
Os dois amigos ficaram juntos toda a tarde, e ao
anoitecer, quando seria oferecido o banquete, o rei Bakhin
solicitou a presença de Etiènne em seu aposento real, para que
pudessem conversar a sós, longe da bajulação e intransigência
de seus súditos, pois uma coisa era peculiar ao povo de
Bakkin, não sabiam medir sua própria inconveniência,
estando sempre se metendo onde não eram chamados e
tinham sempre uma desculpa para toda e qualquer
intervenção nos assuntos alheios. Tão logo Etiènne chegou ao
aposento de Bakhin, o rei anão trancou a porta atrás deles e,
demonstrando uma enorme alegria, sem conseguir conter sua
excitação pelo momento que se aproximava, pediu que
Etiènne o acompanhasse.
Sem entender bem o que Bakhin estava tramando, mas
inteiramente envolvido e comovido pela enorme alegria
demonstrada por seu amigo anão, Etiènne foi obedecendo
suas instruções, sem nada questionar, temendo quebrar o
clima de suspense que estava no ar.
— Esta será uma grande noite! — afirmou Bakhin.
— O que está tramando, amigo?
— Calma, não seja demasiadamente curioso. Tudo a seu
tempo! Mas em primeiro lugar, irei lhe mostrar algo que
venho guardando há muitos anos e que guardei para uma
ocasião especial como essas.
— É difícil não ficar curioso diante de tanto mistério. —
Etiènne sorriu para seu anfitrião.
— Veja! — exclamou Bakhin, apontando para uma
saliência no fundo de seu imenso aposento real. — Veja o que
está atrás daquela pilastra.
Etiènne se aproximou da pilastra e olhou por trás da
saliência que ela proporcionava em relação à parede do fundo
do aposento. Ficou impressionado ao descobrir que, na
331