Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

poucas horas antes de sua fuga. Correu aflita até a janela para
ver o que estava acontecendo, mas, à pouca luz dos archotes
que iluminavam parcamente o átrio principal, não pôde
identificar Martin em meio aos homens que estavam lá fora.
Percebeu um certo alvoroço entre os soldados, que pareciam
cercar alguém que falava e gesticulava muito.
Voltou até a cama onde Lourdes estava sentada.
— Minha filha, alguma coisa está acontecendo,
precisamos ir embora, já! Não há mais tempo, temo que seu
pai esteja de volta antes do amanhecer. Estou com um
pressentimento ruim.
— Minha mãe, eu tenho medo! Tenho medo da
desolação e fúria que podem se abater sobre meu pai. Ele irá
atrás de nós, e nos punirá severamente!
— Se não partirmos já, temo que de qualquer forma
venhamos a sofrer em suas mãos!
— Não minha mãe! Eu não posso fazer isso! Não posso,
tenho muito medo!
Catherine entristeceu-se. Seus olhos se encheram de
lágrimas e ela abraçou a filha com ternura.
— Você saberá onde estou, e se um dia puder ir à Roma,
te acolherei com o amor e o carinho que sempre tive por você
minha querida. Rezarei todas as noites pelo seu bem estar.
Lourdes se agarrou com força à sua mãe e, chorando,
implorou por seu perdão por não ter coragem de acompanhála.
As duas desceram juntas, e várias aias acompanhavam
Catherine, trazendo seus utensílios, roupas e jóias. Uma
carruagem estivera de prontidão para partir durante os
últimos dois dias, e agora, era chegada a hora.
Catherine estava muito apreensiva, o frio cortante da
madrugada lhe fazia doer todos os ossos do corpo. Estava
ofegante, esfregava as mãos com força e seu olhar vasculhava
por todos os lados a procura do cocheiro que a conduziria. O
homem não estava próximo à carruagem. Catherine ordenou a
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