13.04.2013 Views

Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

julgamento, de alguém que sequer confirmaram, em nenhum<br />

momento, a história de seu passado? Quantos homens que se<br />

diziam isola<strong>dos</strong> e solitários, praticamente vivendo em reclusão<br />

em seu próprio lar, seriam falsos como aquele Gallard Gellion,<br />

dizendo que sonhavam com uma nova terra, para viver longe<br />

de tiranos como Martin Lacroix? A culpa lhe caía com um<br />

peso ainda maior e insuportável, pois fora ele mesmo quem<br />

decidira aceitar o falso lenhador como membro do Conselho,<br />

numa noite em que Etiènne o havia levado à sua taberna. Não<br />

obstante, teria de dividir essa culpa com o próprio Etiènne,<br />

que conheceu Gallard, pelo nome de Paul Drassarc, numa de<br />

suas longas caçadas pela montanha Serena e foi facilmente<br />

convencido por aquele homem eloqüente e sedutor, a<br />

acreditar em suas falsas histórias e desejos. Comovido,<br />

acreditando que aquele homem era como seu próprio irmão<br />

ou seu fiel amigo Leon Troujard, caiu no ardil e levou-o até<br />

Dízier.<br />

Grassac e o taberneiro ficaram conversando durante horas.<br />

<strong>Era</strong> como se fosse a última conversa de suas vidas. Apesar do<br />

rigoroso frio e da umidade do calabouço, os dois se perderam<br />

na prosa e depois <strong>dos</strong> malfada<strong>dos</strong> acontecimentos, falaram<br />

ainda de vários assuntos sobre suas vidas.<br />

Já estava praticamente amanhecendo e os dois exaustos<br />

haviam decidido descansar, quando ouviram o barulho de<br />

correntes e chaves. Ficaram apreensivos. Grassac afastou-se<br />

ligeiramente para uma das paredes e ficou sentado, de costas<br />

para a rocha e pernas esticadas. Com a cabeça abaixada e<br />

olhos semicerra<strong>dos</strong>, fingia dormir. Porém, muito atento. Dízier<br />

também fingia dormir, mas o medo era superior a sua atenção.<br />

Ferido, fraco e com muitas dores, nada podia fazer a não ser<br />

esperar pelo pior a cada vez que a porta de seu cativeiro se<br />

abria.<br />

Um último estalar metálico soou antes que o sinistro som<br />

do ranger da porta ecoasse dentro da cela. O incômodo<br />

barulho não durou mais do que dois segun<strong>dos</strong>. A porta não<br />

97

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!