Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

E este fato ele sabia ser verdadeiro, pois quem lhe dissera fora
um mercenário que contratou como informante, o senhor
Gallard Gellion, um homem sinistro que nunca fora visto em
companhia de Martin e, por isso, seria muito difícil que
desconfiassem dele. Era astuto, paciente, eloqüente e também
dissimulado.
Pensando em todos estes fatos ao mesmo tempo, num
final de tarde, Martin cavalgou até bem próximo às margens
do rio Somme, como de costume, desmontou de seu cavalo e
sentou sobre uma pequena rocha, com uma expressão de
dúvida. Pensava o que seria feito de tudo o que conseguira
durante todos aqueles anos, se realmente seu povo fosse
embora. Quem pagaria seus tributos e como poderia manter o
seu luxo e bem-estar sem a contribuição de seu povo. Martin
olhou à frente e observou a correnteza, que naquele ponto não
era tão forte como a alguns quilômetros mais abaixo,
chegando a vislumbrar pequenas embarcações inglesas
descendo o rio e invadindo sua cidade. Ficou ali parado,
pensando em muitos acontecimentos que estariam por vir.
Depois de um longo tempo, percebeu que a luminosidade do
dia estava enfraquecendo, mas continuou fitando o horizonte,
ainda muito pensativo. Percebeu também que um pouco mais
a oeste, onde estava mais escuro, densas nuvens negras se
formavam e que muito em breve uma forte chuva cairia.
Quando o último raio de sol não pôde mais transpor a
montanha, levantou de súbito, jogou sua capa para trás,
montou em seu corcel negro e partiu velozmente em direção a
seu pequeno castelo.
Lá chegando, sua esposa, Catherine Lacroix, veio recebêlo
como sempre fazia, todos os dias. — Boa noite, meu senhor!
Gallard o esperou até há pouco, estava muito ansioso para
falar-lhe. — Então Martin olhou para Catherine, e com um
olhar vacilante perguntou:
— Ele disse sobre o que se tratava?
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