Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

naturalmente, com folhas frescas, anunciando que nunca
haviam sido pisoteadas por nada.
Exausto do cansativo e infrutífero dia, Etiènne procurou
uma árvore que pudesse recostar-se, de forma que tivesse uma
visão mais privilegiada do terreno onde se encontrava,
deixando a retaguarda o menos vulnerável possível.
Por sorte, ainda se encontrava próximo às encostas das
Montanhas Negras; porém, mais ao norte, quase na interseção
da cadeia de montanhas, que ligava as Montanhas Negras à
Montanha das Garbas, e pôde escolher um local mais próximo
às paredes rochosas que, apesar de terem um aspecto
assustador, garantiriam maior segurança a ele.
No meio da madrugada, Etiènne teve o seu sono
interrompido por gritos apavorantes, que pareciam não estar
muito longe dali. Levantou-se num pulo, e com o coração
acelerado, ficou atento para tentar escutar melhor de que
direção vinham os gritos, mas o silencio voltou a imperar na
floresta. Alguns pios noturnos, que faziam parte integrante
daquela floresta, aos poucos começaram a retornar, e a
preencher o total vazio que sucedeu aos gritos.
Etiènne, tinha suas têmporas embebidas em suor, apesar
da friagem da madrugada. Já não tinha certeza se tivera algum
pesadelo horripilante, ou se realmente escutara aqueles gritos,
até que mais uma vez, novos gritos rasgaram a noite,
deixando-o cheio de pavor. Mas desta vez pôde identificar
com clareza a direção de onde surgiram os novos gritos.
Caminhou apressadamente mas com cautela, na direção
dos gritos, e conforme caminhava, podia identificar novos
sons, como o crepitar de uma fogueira, o amolar de lâminas e
o grunhido peculiar dos asquerosos goblins, que ele conhecera
a poucos dias no ataque ao acampamento dos peregrinos que
acompanhavam seu irmão Michel.
Redobrou sua cautela e diminuiu o passo. Agora, podia
identificar com menos dificuldade, por trás de alguns
arbustos, uma pequena quantidade de goblins reunidos em
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