Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

um pouco do espesso líquido sobre a caneca, e sorveu-o com
grande prazer. Ficou maravilhado com o sabor e efeito
revigorante, quase que instantâneo, que aquela bebida lhe
proporcionara. Não obstante, Etiènne sentia fome, e tentou
imaginar há quanto tempo estivera desacordado sem se
alimentar. Uma vontade súbita de caminhar e ampliar seu
conhecimento a respeito daquele estranho local apoderou-se
dele, mas sua tentativa de sair da cama fora frustada por uma
forte fisgada na perna, o que lhe fez perceber que estava sem
condições de se levantar. Gemeu de dor, voltando a recostarse
no batente da cama. Neste momento, a porta do cômodo
onde estava abriu-se e uma jovem elfa adentrou. Era linda,
exuberante, com traços perfeitos. O cabelo dourado como o
saudoso sol das manhãs de inverno em Amiens, balançava
suavemente, escorrendo pelos ombros da elfa. Possuía uma
tez branca, quase translúcida, semi-coberta por finos tecidos
na cor salmão, com alguns detalhes em branco e fios de ouro.
Etiènne ficou admirado com a beleza daquela
desconhecida jovem, que trazia nas mãos uma bandeja repleta
de iguarias para pousar sobre a cômoda.
A elfa percebeu, com grande entusiasmo, que Etiènne
estava acordado.
— Vejo que nosso hóspede está se recuperando muito
bem. Logo estará forte e vigoroso como um Bantha 1.
A voz melodiosa daquela bela criatura o fez lembrar de
Sindazel, e por um momento, a despeito da magnífica beleza
da elfa, Etiènne sentiu uma profunda dor no peito. Não uma
dor física, provavelmente mais fácil de suportar, mas uma dor
de saudade, uma saudade de alguém que ele jamais
conseguira esquecer, e que o desejo de reencontrar o consumia
a cada novo dia de sua vida.
1 Animal de grande porte, semelhante aos paquidermes,
normalmente encontrado no Deserto Naissaras.
309