Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

havia se aberto totalmente, concluiu Grassac. Abriu
lentamente um dos olhos e percebeu um vulto entrando na
cela. Trajava roupas escuras e usava um capuz cobrindo a
cabeça. Ficou ainda mais atento à situação. De qualquer forma,
não estava acorrentado e ainda podia se defender, ainda que
fosse apenas com suas próprias mãos. O misterioso indivíduo
se aproximou primeiramente de Gien, que estava acorrentado
na parede do fundo. Grassac não perdia um movimento
sequer do visitante noturno. Observou que se curvara para
identificar o camponês e logo em seguida se afastou. Olhou ao
redor da escuridão. Percebeu Dízier deitado no meio do fétido
ambiente. Outra olhada para o lado e, por um instante Grassac
pensou que o misterioso homem pudesse ter percebido que ele
o estava espiando. O estranho parou na direção de Grassac e
ficou observando de longe. Parecia decidir-se sobre avançar
ou não. Logo a dúvida de Grassac terminara, pois o homem
veio cautelosamente em sua direção. Apesar de sua
experiência, Grassac estava nervoso com as circunstâncias.
Afinal, estava muito escuro e ele desarmado. O homem ao se
aproximar de Grassac tirou a mão de dentro da roupa escura
com um objeto pequeno. Grassac percebeu o movimento mas
não pôde identificar o que era. Seu nervosismo aumentava a
cada passo do desconhecido. Quando faltavam apenas dois
passos para chegar a Grassac, segurou o objeto com as duas
mãos levando-o sobre a cabeça, agachou-se e desferiu um
golpe na direção do peito de Grassac.
Quando percebeu o movimento dos braços do atacante,
Grassac recolheu rapidamente as duas pernas e de um só
golpe, atingindo-o no peito, atirou longe o homem de capuz.
A violência com que os pés de Grassac atingira o homem fora
tão grande que ele deixou cair o objeto que carregava. O som
pesado de um metal batendo ao solo era inconfundível.
Tratava-se de um punhal, adaga ou outro tipo de lâmina que
agora, estava perdido no breu. Grassac levantou-se
desesperado atrás do possível punhal. O misterioso homem
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