Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

Etiènne e Peter, alheios ao que havia ocorrido na frente do
grupo, percebendo que a caravana estacionara, resolveram
recostar-se às rochosas paredes do enorme túnel para
descansar. Muitos peregrinos fizeram o mesmo, pois todos
estavam exaustos. A escuridão parecia ajudar a esgotar suas
energias com incrível eficiência.
— Então, Peter, como acha que irá acabar essa jornada. —
indagou Etiènne.
— Não sei meu nobre amigo, não sei, mas temo por
nossas vidas se isso aqui terminar numa alcova sem saída!
— Acredite-me, chegaremos a uma terra maravilhosa.
— Sim, sim, Deus queira!
— Diga-me nobre arqueiro, o que sente quando atira uma
seta num homem, à distância.
— Depende muito da situação, Etiènne — respondeu
Peter franzindo a testa, um tanto constrangido com a
pergunta. — Estás me tirando por covarde, por certo. Achas
que somente tem coragem o homem que porta um machado
de batalha, ou uma espada? Não, cada um nasce com um Dom
distinto, e isso nos difere.
— Não o estou julgando, Peter. Apenas gostaria de matar
minha curiosidade em relação aos arqueiros. Mas se esta
conversa o incomoda, mudemos de assunto!
— Nem sempre ficamos perfilados aguardando uma
ordem para lançarmos nossas setas a esmo em direção às
hostes inimigas além de trezentos metros à nossa frente.
Existem ocasiões, em que somos convocados para eliminar
alvos selecionados, mesmo entre nosso próprio meio. —
pigarreou duas ou três vezes e continuou — Certa vez, fui
convocado para eliminar um nobre escocês, que era aliado fiel
ao nosso reino, que entretanto, devido a um jogo de interesses,
teve sua morte encomendada. Cumpri meu dever de militar!
Obedeci ordens superiores, mas deplorei aquela atitude.
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