Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

— Talvez tenhamos invadido a terra dessa gente —
cogitou Michel, muito apreensivo, demonstrando um
expressivo ar de preocupação.
— Seja como for, não poderemos sair daqui no meio da
madrugada com aqueles demônios soltos por aí! Teremos de
fazer um acordo com esse povo de meia altura! — asseverou
Grassac.
— Isso é verdade, não vamos nos arriscar. Já estamos
muito expostos aqui nesse lugar desconhecido. E depois, que
outras surpresas ainda poderemos encontrar? — Michel, a
essa altura, não discordaria de Grassac por nada nesse mundo.
— Já viram demônios, agora estamos aí, diante de uma
legião de anões bizarros, armados até os dentes. Quem sabe
agora acreditem que Sindazel existe, e ela é exatamente como
descrevi a vocês?
Etiènne, apesar de estar apreensivo, tanto quanto seus
amigos, não pôde deixar de sentir-se um pouco mais
confortável para falar de Sindazel. Afinal, depois de tantas
criaturas bizarras que jamais haviam visto, de fato, por que
não poderia existir algo como sua amada?
Michel e Grassac se olharam, e por um ínfimo momento
se descontraíram, erguendo as sobrancelhas, um para o outro,
como que ainda não dando muito crédito a Etiènne. Mesmo
Grassac, que era o maior entusiasta de Etiènne, não conseguia
acreditar sobre Sindazel.
Já não bastava o estado de tensão em que ainda se
encontravam, novos gritos puderam ser ouvidos, oriundos de
um ponto pouco mais distante de onde estavam naquele
momento. Todos correram na direção dos gritos, receosos de
que as criaturas demoníacas pudessem ter retornado.
Ao chegarem no local, uma mulher ajoelhada estava em
prantos, gritando de angústia, diante de uma criança que
parecia ter ainda uns oito ou nove anos de idade.
A criança estava desacordada, e suas vestes estavam
banhadas em sangue. Algum demônio daqueles teria cortado
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