Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

Com ironia, Martin iniciou uma pequena provocação:
— Guardas, providenciem água fresca para meu nobre
hóspede, parece-me que ele está com muita sede!
Michel limitava-se a ouvir as palavras de seu inimigo.
— Diga-me uma coisa, pobre infeliz, não está arrependido
de ter tramado planos contra o representante legal do rei
Philipe aqui nesta cidade? Você faz idéia do que irá lhe
acontecer?
Neste momento, Michel quebrou seu silêncio e, com
algum esforço, revidou com palavras.
— Vá para o inferno, seu porco asqueroso!
Martin sacou uma adaga afiada que pendia de seu cinto e
levou a lâmina fria ao pescoço de Michel, forçando-a com
cuidado, apenas para intimidá-lo.
— Escuta aqui, seu verme, cuidado com o que fala, pois se
está vivo até agora é por minha vontade! Mais uma ofensa e
lhe arranco a cabeça aqui mesmo!
Martin forçou ainda mais a lâmina e Michel esticou-se
mais, tentando evitar o corte em sua garganta.
Um guarda se aproximou, trazendo uma caneca na mão.
— Senhor, a água que pediu.
Martin tomou a caneca da mão do guarda e bebeu um
grande e demorado gole.
— Ótimo, a água está fresca como pedi. Água é algo que
não falta em meu castelo, nem mesmo para os prisioneiros. Ao
terminar de pronunciar estas palavras, Martin atirou o
restante da água no rosto de Michel. — Entretanto, não é
necessária a um futuro cadáver. Guardas! Vamos embora! —
gritou Martin. — O cavalheiro precisa descansar.
Todos se retiraram da pequena sala, deixando Michel
solitário em meio à escuridão, cheio de dúvidas e medo,
perguntando-se por quantos dias mais ele teria que passar por
aquilo, até que fosse executado. Teve um calafrio ao pensar
que poderia ir para a guilhotina. Como seria ficar ajoelhado,
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