Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

permaneceram frente a frente, sem que ninguém pudesse
acompanhar o que se passava dentro dele.
— Meu senhor, está tudo bem? — indagou Alain.
Martin não respondeu, continuava com o semblante
preocupado, e dirigiu-se para os cavaleiros de Nouvelle
Amiens com passos vacilantes.
— Diga a seu senhor, que refletirei sobre os fatos
revelados neste pergaminho. Ao amanhecer, enviarei uma
mensagem a ele.
— Temos ordens de não partirmos sem o senhor. A noite
é traiçoeira em Virgo. Ele insistiu para que não os deixássemos
fora da proteção dos muros da cidade.
— Levará pelo menos duas horas para desmontarmos
tudo, e então, já será noite.
Alain percebeu que seu senhor ficara estranho após ter
lido o pergaminho. Notou que Martin estava falando de forma
cordial com os estranhos, e o mais absurdo e inacreditável a
seus olhos, aceitando como senhor o líder daquele grupo que
até antes do entardecer era considerado criminoso. Imaginou
se a farsa de seu senhor estava sendo tão perfeita que até
mesmo ele estivesse sendo enganado.
— Acredite, estaremos bem! Pode regressar para a
segurança de sua cidade. Quando amanhecer, terei decidido
sobre o que fazer e como proceder.
— Pois bem, senhor. Faremos como deseja.
Os cavaleiros de Nouvelle Amiens, estavam ao mesmo
tempo irradiantes e constrangidos. Irradiantes, porque
estavam ali diante do tirano que tanto os atormentara no
passado e agora tratava-os com dignidade, sem a necessidade
de se humilharem para dirigirem-se a ele. Isso lhes trouxe uma
enorme satisfação, os fez sentirem-se homens honrados, como
se estivessem lavando a própria alma diante do ordinário que
tanto os fizera sofrer. Ao mesmo tempo, ficaram
constrangidos porque teriam de voltar à cidade sem trazer
Martin em segurança, conforme fora ordenado por Leon.
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