Virgo - A Era dos Homens - Roberto Laaf

abrindo passagem pelos que se amontoavam para assistir a
contenda. Ao chegar no meio da confusão, Grassac postou-se
ao lado de seu amigo Michel e pediu calma aos furiosos
companheiros de jornada. Michel tentava explicar a Grassac o
motivo da fúria das pessoas, mas sua voz era abafada pelos
gritos da descontente multidão. Não há nada mais perigoso a
um indivíduo do que o descontentamento das massas.
Grassac, sacou sua espada e em voz alta desafiou a todos
que ali estavam, convidando-os para acabar de vez com o
sofrimento. Sem hesitar ou demonstrar qualquer sinal de
nervosismo, continuava austero, encarando um a um os
peregrinos revoltosos.
— Muito bem! Se for briga o que querem, aqui estou!
Venham! Vamos acabar logo com isso! Mas garanto-lhes que
seria mais sensato nos organizarmos e pensar em algo mais
construtivo do que ficarmos nos matando!
— Nós já estamos mortos! — gritou um dos peregrinos.
— É isso mesmo — vociferou outro, — nós estamos indo
direto para nossas sepulturas no fundo da terra! — concluindo
tomado de revolta.
— Eu quero lhes fazer uma proposta! Irei sozinho daqui
por diante, e se eu não voltar até que a chama desta tocha se
apague, vocês devem retornar à floresta, o que me dizem?
Ninguém precisa dar mais um passo sequer. Eu irei sozinho, à
frente!
Um novo murmúrio percorreu os peregrinos. Michel
olhou para Grassac incrédulo. Não obstante, disse que
pretendia acompanhá-lo.
— Não, você tem que ficar com Leon e manter as coisas
em ordem. Não podemos arriscar depois de tanta caminhada.
Imagino que estejamos perto do lugar que teu irmão falou.
Ainda há pouco, senti uma brisa fresca vinda lá da escuridão.
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