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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Volto a palavras <strong>de</strong> Luís Viana Filho:<br />

Vida que valeu a pena<br />

“[...] Ao prefaciar uma das mais recentes edições do famoso livro <strong>de</strong> Bagehot,<br />

escreveu Lord Balfour, o renomado estadista britânico, que o traço<br />

fundamental do regime parlamentar era um governo <strong>de</strong> cooperação, um governo<br />

em que Legislativo e Executivo funcionam como rodas <strong>de</strong>ntadas,<br />

como polias ligadas pela mesma correia, enfim, peças em um sistema animado<br />

por um movimento comum. [...] A própria oposição é um complemento<br />

do governo. Haverá algo mais diferente <strong>de</strong> um sistema em que Legislativo e<br />

Executivo se <strong>de</strong>vam dar as mãos para o bem <strong>de</strong> uma nacionalida<strong>de</strong>?”<br />

Luís Viana cita Hermes Lima – outro gran<strong>de</strong> homem que, como ele, engran<strong>de</strong>ceu<br />

o País –, para quem “a irresponsabilida<strong>de</strong> do Presi<strong>de</strong>ncialismo<br />

exaspera o governo pessoal”.<br />

“O presi<strong>de</strong>nte – dizia Hermes Lima, citado por Luiz Viana – converte-se<br />

fatalmente num centro <strong>de</strong> gravitação política diferente do Congresso e até<br />

contrário a ele. De maneira que, no sistema presi<strong>de</strong>ncial, há dois Po<strong>de</strong>res<br />

que se acham disputando o primado do comando político. Executivo e Legislativo<br />

são rivais e não colaboradores. Luta da qual, no Brasil, uma das<br />

gran<strong>de</strong>s vítimas foi Pinheiro Machado, que <strong>de</strong>spontara como um caudilho<br />

da República.”<br />

Abro parêntese para lembrar que Pinheiro Machado foi também, com seu<br />

sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>gola, o algoz<strong>de</strong> vocações políticas estaduais que po<strong>de</strong>riam ter<br />

dado relevante contribuição ao processo legislativo brasileiro. No meu Estado,<br />

por exemplo, havia um orador brilhante, Heliodoro Balbi, que, eleito várias<br />

vezes <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral, teve o nome cortado pela impiedosa caneta do<br />

sistema erigido por Pinheiro Machado. Nem por isso, porém, <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong><br />

con<strong>de</strong>nar a barbárie <strong>de</strong> que ele foi vítima no episódio tão conhecido da História<br />

nacional.<br />

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