Prosa - Academia Brasileira de Letras
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Vida que valeu a pena<br />
Eclodida a Revolução Constitucionalista <strong>de</strong> 1932, em São Paulo, Luís Viana<br />
Filho, coerente com seu artigo, tomou posição a seu favor, ao lado, entre<br />
outros, <strong>de</strong> Aloísio <strong>de</strong> Carvalho, Eugênio Gomes, Gilberto Valente, Inocêncio<br />
Calmon e Prado Valadares. Foi um dos redatores do Manifesto da Liga <strong>de</strong><br />
Ação Social e Política, expressando a solidarieda<strong>de</strong> baiana aos revolucionários<br />
<strong>de</strong> São Paulo, o que lhe valeu um período <strong>de</strong> prisão: três dias na enfermaria da<br />
penitenciária do Estado e, <strong>de</strong>pois, sob palavra, na própria residência. Derrotada<br />
pelas armas, mas vitoriosa nos objetivos, a Revolução Paulista resultou na<br />
convocação da Constituinte <strong>de</strong> 1934.<br />
Luís Viana Filho candidatou-se à Assembléia Constituinte, mas, mesmo<br />
tendo sido o mais votado em Salvador, não alcançou o número <strong>de</strong> votos necessário.<br />
Foi sua única <strong>de</strong>rrota eleitoral. No ano seguinte, elegia-se <strong>de</strong>putado<br />
fe<strong>de</strong>ral, tomando posse em 1935, para logo <strong>de</strong>pois, em 1937, ver o Congresso<br />
fechado pelo golpe <strong>de</strong> 1937 e o País voltar ao regime ditatorial, sob a roupagem<br />
do “Estado Novo”. Retomou, então, sua ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jornalista e <strong>de</strong> oposição<br />
à nova ditadura, oposição mo<strong>de</strong>rada, sem ofensas pessoais, como era<br />
próprio do feitio lhano, afável, que marcou toda a sua passagem pela vida pública.<br />
Ao mesmo tempo, <strong>de</strong>dicou-se à advocacia e ao magistério, tornando-se,<br />
em 1940, por concurso, professor catedrático <strong>de</strong> Direito Internacional Privado.<br />
Em 1943, foi nomeado professor <strong>de</strong> História do Brasil na recém-criada<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia da Bahia.<br />
A frutífera ativida<strong>de</strong> literária aflorou quase simultaneamente com a política.<br />
Em 1932, publicou seu primeiro livro, O Direito dos Empregados do Comércio,em<br />
parceria com outro que viria a ser um dos nomes que engran<strong>de</strong>ceram o Parlamento<br />
brasileiro: Aliomar Baleeiro. Seguem-se o ensaio A Língua do Brasil, em<br />
1936, e logo <strong>de</strong>pois, em 1938, A Vida <strong>de</strong> Rui Barbosa, primeira <strong>de</strong> sua série notável<br />
<strong>de</strong> biografias. Foi, além <strong>de</strong> biógrafo <strong>de</strong> Rui, que reverencio, também <strong>de</strong> Nabuco,<br />
que me fascina. E em 1946, publicou O Negro na Bahia, tornando-se precursor<br />
na análise das questões relacionadas com a integração e a aculturação do<br />
negro. É vasta sua obra literária. Não vou, porém, como disse, entrar nesse terreno,<br />
a respeito do qual muito já se falou, principalmente no âmbito da ABL.<br />
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