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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Adriano Espínola<br />

Conseguiram um riacho<br />

com seus goles, com sua margem.<br />

Conseguiram boa se<strong>de</strong>.<br />

Constataram:<br />

cai a tar<strong>de</strong>.<br />

Sobre a tar<strong>de</strong>, cai a noite,<br />

sobre a noite madrugada.<br />

Imagino o cavaleiro<br />

testa orvalhada e estrelada.<br />

O pensar do cavaleiro<br />

talvez o amar, ou nem nada.<br />

Imagino o cachorrinho<br />

imaginário na estrada.<br />

Caía a tar<strong>de</strong>.<br />

Para a tar<strong>de</strong> o cavaleiro<br />

ia, conforme avistado.<br />

Após, também o cachorro.<br />

Todos – iam, <strong>de</strong> bom grado,<br />

à tar<strong>de</strong> do cavaleiro<br />

do cachorro, do outro lado<br />

– que na tar<strong>de</strong> se per<strong>de</strong>ram,<br />

no morro, no ar, no contado.<br />

Caiu a tar<strong>de</strong>.<br />

Notável a simetria formal do poema, constituído, como se vê, por três estrofes<br />

<strong>de</strong> oito versos em redondilha maior, sendo os nonos, <strong>de</strong> três sílabas, os<br />

quais formam o eixo semântico da narrativa (“Cai a tar<strong>de</strong>”; “Caía a tar<strong>de</strong>”;<br />

“Caiu a tar<strong>de</strong>”). Já o terceiro, “Contratema”, <strong>de</strong>staca-se pelo inusitado das<br />

metáforas, pela sábia distribuição rítmica dos versos no corpo do poema,<br />

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