Prosa - Academia Brasileira de Letras
Prosa - Academia Brasileira de Letras
Prosa - Academia Brasileira de Letras
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Miguel Osório <strong>de</strong> Almeida<br />
Marie Curie, Irène Curie e Albert Einstein. Lugar <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conhecimento<br />
e <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>, este laboratório também foi caracterizado por ser<br />
um lugar <strong>de</strong> formação, tendo formado o próprio Miguel, a sua irmã Branca e os<br />
cientistas Carlos Chagas Filho e Haity Moussatché – este último discípulo <strong>de</strong><br />
Miguel.<br />
A lista <strong>de</strong> freqüentadores do laboratório chama atenção para uma outra característica<br />
da trajetória <strong>de</strong> Miguel Osório <strong>de</strong> Almeida: sua ligação estreita<br />
com a cultura, a civilização e o conhecimento produzidos na França. Faculté<br />
<strong>de</strong>s Sciences <strong>de</strong> Paris, Aca<strong>de</strong>mie <strong>de</strong>s Sciences Française, Aca<strong>de</strong>mie <strong>de</strong> Mé<strong>de</strong>cine<br />
Française e Societé <strong>de</strong> Biologie <strong>de</strong> Paris eram espaços freqüentados por ele.<br />
Isto sem contar seu ingresso na Societé dês Nations, em Genebra, e, porteriormente,<br />
na UNESCO.<br />
Em outro contexto político, já no governo Getúlio Vargas (1930-1945) a<br />
militância científica, e também política, <strong>de</strong> Miguel Osório ganha outros contornos.<br />
A presença dos intelectuais na engrenagem estatal, segundo a interpretação<br />
<strong>de</strong> alguns pesquisadores (Miceli, 1996), assegurava-lhes prestígio junto<br />
ao mercado editorial ou era mesmo consi<strong>de</strong>rado um passaporte para o ingresso<br />
na <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong> (ABL). Para este autor, o pertencimento ao<br />
alto escalão do governo Vargas entre 1930 e 1945 era fundamental para o ingresso<br />
na ABL, inclusive <strong>de</strong>vido à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> influências que eles dali podiam acionar,<br />
sendo preteridos aqueles que concorriam pelo mérito <strong>de</strong> sua obra. Entre<br />
os citados pelo autor figura Miguel Osório <strong>de</strong> Almeida, qualificado como médico,<br />
diretor do Departamento Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública (1934), além <strong>de</strong><br />
professor e <strong>de</strong>legado brasileiro no Instituto Internacional <strong>de</strong> Cooperação Intelectual.<br />
As generalizações que Miceli empreen<strong>de</strong> levam, entretanto, a distorções.<br />
Na biografia <strong>de</strong> Miguel Osório, a sua efêmera passagem pelo DNSP<br />
po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada quase como um aci<strong>de</strong>nte. Por outro lado, o cientista aceitou<br />
o convite do Governo Fe<strong>de</strong>ral, em 1935, para o cargo <strong>de</strong> vice-reitor da<br />
Universida<strong>de</strong> do Distrito Fe<strong>de</strong>ral. Esta instituição, criada na gestão <strong>de</strong> Pedro<br />
Ernesto na prefeitura do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, congregou intelectuais ligados à<br />
Associação <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Educação (ABE) e ao grupo da Escola Nova, cujo<br />
255