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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Arthur Virgílio<br />

marães, segundo a qual o Parlamento, embora essencial ao regime <strong>de</strong>mocrático,<br />

sempre haveria <strong>de</strong> piorar um pouquinho. Vejo, com tristeza, a previsão tornar-se<br />

realida<strong>de</strong> a cada Legislatura. Cada vezmais falta fazem, no Congresso,<br />

figuras da gran<strong>de</strong>za moral e intelectual <strong>de</strong> um Luís Viana Filho.<br />

E isso ocorre não apenas no Po<strong>de</strong>r Legislativo. No Executivo fe<strong>de</strong>ral é a<br />

mesma coisa. Filho <strong>de</strong> homem público, lembro-me bem da importância<br />

que tinham os ministros <strong>de</strong> Estado. Quando um <strong>de</strong>les estava para ir à nossa<br />

casa, minha mãe se preocupava em evitar que nós, crianças, fizéssemos folia.<br />

Era momento <strong>de</strong> respeito, quase solene. Nos dias <strong>de</strong> hoje, é muito provável<br />

que, nós, crianças, achássemos graça e intensificássemos as correrias<br />

pela casa...<br />

Falando da tribuna <strong>de</strong> uma Casa política, a que Luís Viana Filho pertenceu,<br />

eleito que fora para dois mandatos sucessivos, era natural que me <strong>de</strong>tivesse<br />

mais no aspecto da sua vida pública, ele que foi também professor, jornalista,<br />

historiador, biógrafo e ensaísta. Foi no jornalismo, iniciado no Diário da Bahia,<br />

em 1925, mesmo ano em que se matriculava na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da Bahia,<br />

que <strong>de</strong>u os primeiros passos no campo da ativida<strong>de</strong> política. Três anos <strong>de</strong>pois,<br />

em 1928, no penúltimo ano da Faculda<strong>de</strong>, foi eleito presi<strong>de</strong>nte do Centro<br />

Acadêmico Rui Barbosa. E antes <strong>de</strong> concluir o curso criou, sob a direção <strong>de</strong><br />

Aloísio <strong>de</strong> Carvalho Filho e outros colaboradores, a Revista <strong>de</strong> Cultura Jurídica.<br />

No quarto número, em 1931 – um ano após a Revolução <strong>de</strong> 30 e antes <strong>de</strong> os<br />

paulistas se rebelarem –, ele cobrava a reconstitucionalização do país.<br />

“Dos problemas que se agitam atualmente <strong>de</strong>ntro do Brasil – assim se<br />

expressava – nenhum po<strong>de</strong>rá merecer maior atenção do que a reconstitucionalização<br />

do país. Temos a embarcação sem leme, navegando ao<br />

sabor das ondas. Terá a ditadura remédios para tudo isso, quando ninguém<br />

ignora a insuficiência das ditaduras em casos idênticos? [...] Necessitamos<br />

apenas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, <strong>de</strong> legalida<strong>de</strong>. Urge-nos o governo legal, a<br />

cuja sombra se organizarão as forças sadias e capazes <strong>de</strong> serem um estanque<br />

às idolatrias exógenas.”<br />

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