Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa
Duas histórias do Brasil
de Dom João
Jurandir Malerba
Quando do Centenário, foi a mesma febre comemorativa. Na
adolescente República (que contava apenas 18 aninhos em
1908), uma série de eventos marcou a celebração dos cem anos da
chegada da família real ao Brasil: congressos, exposições, paradas,
publicações – entre estas o célebre monumento historiográfico Dom
João VI no Brasil, de Oliveira Lima. Como há cem anos, o furor memorial
eclode, talvezaté mais intenso hoje. Contam-se às dezenas,
entre exposições, programas de rádio e televisão, encartes especiais
em jornais e revistas (hoje quase tudo disponível simultaneamente
na internet), congressos e edições e reedições de livros, as mais diversas
iniciativas ensejadas pelas “comemorações” do bicentenário da
transferência da Corte e da sede do império ultramarino portugueses
para o Rio de Janeiro em 1807-1808. De plano, o triplo inevitável
questionamento: o que se comemora? Onde e quem comemora? Mas
é também o ensejo para os historiadores revisitarem o “fato histórico”.
O que significou esse acontecimento memorável? Em que tra-
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Historiador,
autor de A Corte
no Exílio
(Companhia das
Letras) e A
Independência
Brasileira (Editora
FGV); Professor
do Programa de
Pós-Graduação
em História da
PUC-RS.