Prosa - Academia Brasileira de Letras
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Liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão<br />
Artigo 19<br />
Com atuação comprovada em mais <strong>de</strong> 30 países, existe uma organização<br />
não-governamental chamada “Artigo 19” (no original, ‘Article 19’), criada em<br />
Londres, em 1987, para promoção e proteção da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão e <strong>de</strong><br />
informação em todo o mundo. E em 21 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2007, a “Article 19”<br />
enviou um relatório ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU sobre a situação<br />
da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão e do direito à informação no Brasil, um dos<br />
16 países a serem analisados na primeira sessão do processo <strong>de</strong> revisão periódica<br />
universal. Chamando atenção para seis áreas <strong>de</strong> preocupação, acentua que a<br />
legislação que trata da proteção da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão entre nós, incluindo<br />
o direito à informação, seria incompleta e problemática, principalmente por<br />
dois motivos: as leis sobre meios <strong>de</strong> comunicação conteriam dispositivos ultrapassados<br />
e repressivos e o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> leis regulamentando questões específicas<br />
teria criado uma situação <strong>de</strong> insegurança jurídica. O relatório sugere,<br />
inclusive, que o governo adote uma legislação que observe padrões internacionais<br />
sobre a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão.<br />
As informações enviadas pela “Article 19” apontam ainda a falta <strong>de</strong> pluralismo<br />
e diversida<strong>de</strong> nos meios <strong>de</strong> comunicação brasileiros, <strong>de</strong>vido principalmente<br />
à ausência <strong>de</strong> políticas regulatórias que apoiariam o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
dos radiodifusores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e também ao grau elevado <strong>de</strong> concentração<br />
na proprieda<strong>de</strong> dos meios <strong>de</strong> comunicação. Quanto à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> TV pública,<br />
para obe<strong>de</strong>cer aos padrões internacionais, o canal não po<strong>de</strong>ria estar sujeito a<br />
interferências políticas e comerciais, porque seu conteúdo <strong>de</strong>ve servir exclusivamente<br />
ao interesse público. O relatório chama a atenção ainda para a pressão<br />
sob a qual estão operando as rádios comunitárias, muitas das quais aguardam<br />
há quase <strong>de</strong>zanos a concessão <strong>de</strong> licença para funcionar e, em conseqüência<br />
<strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>moras, algumas funcionam ilegalmente e, como resultado <strong>de</strong>ssa situação<br />
irregular, sob a ameaça <strong>de</strong> processos criminais.<br />
Outro ponto <strong>de</strong> preocupação apontado no relatório é o número elevado <strong>de</strong><br />
processos <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização por danos morais, estimando-se que a proporção<br />
seja <strong>de</strong> um para cada jornalista trabalhando para os cinco maiores grupos <strong>de</strong><br />
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