17.04.2013 Views

Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro

Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro

Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>de</strong> gritar para ser ouvida por causa do barulho estilhaçante e encolerizado<br />

das fogueiras. — Não conheces o po<strong>de</strong>r do Cal<strong>de</strong>irão? Coloca os mortos<br />

no Cal<strong>de</strong>irão <strong>de</strong> Clyddno Eiddyn e eles voltarão a caminhar, a respirar e a<br />

viver. — Dirigiu-se com um passo imponente para Artur, a <strong>de</strong>mência espelhada<br />

no seu único olho. — Dá-me o rapaz, Artur.<br />

— Não. — Artur puxou as ré<strong>de</strong>as <strong>de</strong> Llamrei e a égua afastou-se <strong>de</strong><br />

Nimue. Ela virou-se para Merlim.<br />

— Mata-o! — gritou ela, apontando para Mardoc. — Ao menos po<strong>de</strong>mos<br />

tentar com ele. Mata-o!<br />

— Não! — gritei.<br />

— Mata-o! — guinchou Nimue, e <strong>de</strong>pois, como Merlim não se mexia,<br />

ela correu em direção à forca.<br />

Merlim parecia incapaz <strong>de</strong> se mexer, mas <strong>de</strong>pois Artur voltou a virar<br />

Llamrei e evitou Nimue novamente. Deixou que o seu cavalo batesse nela,<br />

fazendo-a cair na turfa.<br />

— Deixa a criança viver — disse Artur para Merlim. Nimue enclavinhou<br />

as mãos como garras e virou-as para ele, mas ele empurrou-a e,<br />

quando ela se voltou novamente para ele, vendo-se-lhe apenas os <strong>de</strong>ntes e<br />

as mãos como ganchos, ele meneou a espada em direção à cabeça <strong>de</strong>la, e<br />

essa ameaça acalmou-a.<br />

Merlim moveu a lâmina brilhante para junto da garganta <strong>de</strong> Mardoc.<br />

O druida parecia quase afável, apesar das suas mangas ensopadas <strong>de</strong> sangue<br />

e da longa espada na sua mão.<br />

— Julgas, Artur ap Uther, que po<strong>de</strong>s <strong>de</strong>rrotar os Saxões sem a ajuda<br />

dos Deuses? — perguntou ele.<br />

Artur ignorou a pergunta.<br />

— Liberta o rapaz — or<strong>de</strong>nou ele.<br />

Nimue virou-se para ele.<br />

— Preten<strong>de</strong>s ser amaldiçoado, Artur?<br />

— Eu estou amaldiçoado — respon<strong>de</strong>u, amargamente.<br />

— Deixa o rapaz morrer! — gritou Merlim da escada. — Ele não te é<br />

nada, Artur. Uma aventura passageira <strong>de</strong> um rei, um bastardo nascido <strong>de</strong><br />

uma prostituta.<br />

— E que mais sou eu — gritou Artur — do que uma aventura passageira<br />

<strong>de</strong> um rei, um bastardo nascido <strong>de</strong> uma prostituta?<br />

— Ele tem <strong>de</strong> morrer — afi rmou Merlim, pacientemente — e a sua<br />

morte irá trazer os Deuses até nós, e quando eles chegarem, Artur, colocaremos<br />

o seu corpo no Cal<strong>de</strong>irão e <strong>de</strong>ixaremos que o sopro da vida volte.<br />

Artur gesticulou na direção do corpo horripilante e sem vida <strong>de</strong> Gawain,<br />

seu sobrinho.<br />

— E uma morte não basta?<br />

110

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!