Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro
Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro
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no chão. Fiz uma vénia a Aelle, <strong>de</strong>pois a Cerdic, mas ignorei Lancelote. Para<br />
mim, ele nada mais era do que um protegido do rei Cerdic, um traidor britânico<br />
elegante cujo rosto sombrio estava cheio <strong>de</strong> aversão por mim.<br />
Cerdic espetou um pedaço <strong>de</strong> carne com uma enorme faca, levou-o à<br />
boca, <strong>de</strong>pois hesitou.<br />
— Não recebemos nenhum mensageiro <strong>de</strong> Artur — afi rmou ele com<br />
indiferença — e aquele que for sufi cientemente louco para vir até aqui será<br />
morto. — Colocou a carne na boca, <strong>de</strong>pois virou-se parecendo abandonar-me<br />
como a um pormenor <strong>de</strong> um assunto trivial. Os seus homens gritaram<br />
pela minha morte.<br />
De novo Aelle silenciou o salão ao bater com a lâmina da sua espada<br />
na mesa.<br />
— Vens da parte <strong>de</strong> Artur? — <strong>de</strong>safi ou-me ele.<br />
Achei que os Deuses me perdoariam uma mentira.<br />
— Trago-vos cumprimentos, meu Rei e Senhor — respondi — <strong>de</strong><br />
Erce, e a fi lial estima do fi lho <strong>de</strong> Erce que é, para seu contentamento, também<br />
vosso.<br />
Para Cerdic as palavras nada signifi caram. Lancelote, que ouvira uma<br />
tradução, sussurrou rapidamente ao seu intérprete e este voltou a falar com<br />
Cerdic. Não tenho dúvidas que ele encorajou aquilo que Cerdic então pronunciou.<br />
— Ele tem <strong>de</strong> morrer — insistiu Cerdic. Falou muito pausadamente,<br />
como se a minha morte fosse uma coisa sem importância. — Nós temos<br />
um acordo — lembrou ele a Aelle.<br />
— O nosso acordo afi rma que não receberemos nenhum mensageiro<br />
dos nossos inimigos — afi rmou Aelle, fi tando-me.<br />
— E que mais é ele? — perguntou Cerdic, fi nalmente mostrando alguma<br />
irritação.<br />
— Ele é meu fi lho — afi rmou Aelle simplesmente, e um arquejo soou<br />
por todo o palácio cheio <strong>de</strong> gente. — Ele é meu fi lho — repetiu Aelle — não<br />
és?<br />
— Sou, meu Rei e Senhor.<br />
— Tens mais fi lhos — disse Cerdic a Aelle <strong>de</strong>spreocupadamente, e<br />
gesticulou para alguns homens barbudos sentados à esquerda <strong>de</strong> Aelle.<br />
Aqueles homens, que presumi fossem meus meio-irmãos, fi tavam-me<br />
confusos. — Ele traz uma mensagem <strong>de</strong> Artur! — insistiu Cerdic. — Esse<br />
cão — apontou a sua faca na minha direção — está sempre ao serviço <strong>de</strong><br />
Artur.<br />
— Trazes alguma mensagem <strong>de</strong> Artur? — perguntou Aelle.<br />
— Trago as palavras <strong>de</strong> um fi lho para o seu pai — voltei a mentir —<br />
nada mais.<br />
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