Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro
Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro
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a eu sabia exatamente qual a sua velocida<strong>de</strong>, por isso levantei Hywelbane<br />
num contragolpe igualmente rápido. Eu tinha as duas mãos no seu copo e<br />
coloquei todas as minhas forças nesse golpe <strong>de</strong>vastador vindo <strong>de</strong> cima, que<br />
não era dirigido a Liofa, mas à sua espada.<br />
As duas espadas encontraram-se na vertical.<br />
Todavia, <strong>de</strong>sta vez não se ouviu um som vibrante, mas um ruído repentino<br />
e seco.<br />
Quebrara-se a espada <strong>de</strong> Liofa. Os dois terços exteriores saltaram,<br />
caindo no meio da multidão, <strong>de</strong>ixando apenas um pedaço na sua mão. Ele<br />
pareceu horrorizado. Depois, por instantes, pareceu tentado a atacar-me<br />
com o que restava da sua espada, mas eu imprimi a Hywelbane dois rápidos<br />
golpes que o fi zeram recuar. Nessa altura, ele percebeu que eu não estava <strong>de</strong><br />
todo cansado. Também percebeu que era um homem morto, mas ainda assim<br />
tentou <strong>de</strong>ter Hywelbane com a sua arma partida, mas ela afastou aquele<br />
pequeno pedaço <strong>de</strong> metal para o lado e <strong>de</strong>pois feri-o com uma estocada.<br />
Mantive a lâmina imóvel junto ao cordão <strong>de</strong> prata que tinha em volta<br />
do pescoço.<br />
— Meu Rei e Senhor? — gritei, mantendo os olhos fi xos nos <strong>de</strong> Liofa.<br />
O salão estava em silêncio. Os saxões haviam visto o seu paladino ser <strong>de</strong>rrotado<br />
e mantiveram-se em silêncio. — Meu Rei e Senhor! — gritei <strong>de</strong> novo.<br />
— Lor<strong>de</strong> Derfel? — respon<strong>de</strong>u Aelle.<br />
— Pedistes-me para lutar com o paladino do rei Cerdic, não me or<strong>de</strong>nastes<br />
que o matasse. Peço-vos a sua vida.<br />
Aelle fez uma pausa.<br />
— A sua vida é tua, Derfel.<br />
— Ren<strong>de</strong>s-te? — perguntei a Liofa. Não respon<strong>de</strong>u <strong>de</strong> pronto. O seu<br />
orgulho procurava ainda uma vitória, mas como hesitasse, passei a ponta<br />
<strong>de</strong> Hywelbane da sua garganta para a bochecha direita. — Então? — instiguei-o.<br />
— Rendo-me — disse ele, e atirou para o chão o que restava da sua<br />
espada.<br />
Impeli Hywelbane apenas com a força sufi ciente para lhe arrancar pele<br />
e carne da maçã do rosto.<br />
— Uma cicatriz, Liofa — disse eu — para te lembrares que lutaste com<br />
o Lor<strong>de</strong> Derfel Cadarn, fi lho <strong>de</strong> Aelle, e que per<strong>de</strong>ste. — Deixei-o a sangrar.<br />
A multidão aplaudia. Os homens são seres estranhos. Num momento, eles<br />
gritavam pelo meu sangue, agora gritavam aclamações por eu ter poupado<br />
a vida do seu paladino. Fui buscar o broche <strong>de</strong> Ceinwyn, <strong>de</strong>pois peguei no<br />
meu escudo e levantei os olhos para o meu pai. — Trago-vos cumprimentos<br />
<strong>de</strong> Erce, meu Rei e Senhor — disse eu.<br />
— E são bem-vindos, Lor<strong>de</strong> Derfel — disse Aelle — são bem-vindos.<br />
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