Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro
Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro
Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
— Se for o antigo sacrifício, senhor, e o sacrifício supremo — disse<br />
Emrys — então será o fi lho do governante.<br />
— Gawain, fi lho <strong>de</strong> Budic — afi rmei, suavemente — e Mardoc.<br />
— Mardoc? — Artur virou-se, <strong>de</strong> repente, para mim.<br />
— Um fi lho <strong>de</strong> Mordred — respondi, percebendo <strong>de</strong> repente por que<br />
razão Merlim havia chamado Cywwyllog, e por que razão ele havia levado<br />
a criança para Mai Dun, e ainda por que tratara o rapaz tão bem. Porque<br />
não o percebera eu antes? Agora parecia óbvio.<br />
— On<strong>de</strong> está Gwydre? — perguntou Artur, <strong>de</strong> repente.<br />
Por breves instantes ninguém respon<strong>de</strong>u, <strong>de</strong>pois Galaad fez um gesto<br />
na direção da entrada da casa.<br />
— Ele estava com os lanceiros — afi rmou Galaad — enquanto comíamos.<br />
Mas Gwydre já lá não estava, nem estava nos aposentos on<strong>de</strong> Artur<br />
dormia quando estava na Durnovária. Não conseguimos encontrá-lo em<br />
parte alguma, e ninguém se lembrava <strong>de</strong> o ter visto <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> a noite cair.<br />
Artur esqueceu-se por completo das luzes mágicas enquanto revistava o palácio,<br />
procurando-o das caves até ao pomar, mas não encontrou vestígios do<br />
seu fi lho. Pensei nas palavras que Nimue me dissera em Mai Dun quando<br />
me encorajou a levar Gwydre para Durnovária, recor<strong>de</strong>i a sua discussão<br />
com Merlim em Lindinis sobre o verda<strong>de</strong>iro governante <strong>de</strong> Dumnónia e<br />
não quis acreditar nas minhas suspeitas, embora não conseguisse ignorá-las.<br />
— Senhor — peguei na manga <strong>de</strong> Artur. — Creio que ele foi levado<br />
para a colina. Não por Merlim, mas por Nimue.<br />
— Ele não é fi lho <strong>de</strong> um rei — disse Emrys muito nervoso.<br />
— Gwydre é fi lho <strong>de</strong> um governante! — gritou Artur. — Há aqui alguém<br />
que o negue? — Ninguém o fez e, <strong>de</strong> repente, ninguém se atreveu<br />
a dizer o que quer que fosse. Artur virou-se para o palácio. — Hygwydd!<br />
Uma espada, lança, escudo, Llamrei! Depressa!<br />
— Senhor! — interveio Culhwch.<br />
— Silêncio! — gritou Artur. Nessa altura ele estava furioso e foi em mim<br />
que <strong>de</strong>scarregou a sua ira por eu o ter encorajado a permitir que Gwydre<br />
viesse a Durnovária. — Sabias o que ia acontecer? — perguntou-me.<br />
— Claro que não, senhor. E continuo sem saber. Acaso achais que eu<br />
faria mal a Gwydre?<br />
Artur fi tou-me severamente, <strong>de</strong>pois afastou-se.<br />
— Nenhum <strong>de</strong> vós precisa <strong>de</strong> vir — disse ele por cima do ombro —<br />
mas eu vou imediatamente a Mai Dun buscar o meu fi lho.<br />
Atravessou o pátio em passos largos até ao sítio on<strong>de</strong> Hygwydd, o seu<br />
servo, segurava Llamrei enquanto um moço da estrebaria lhe colocava a<br />
sela. Galaad seguiu-o em silêncio.<br />
103