17.04.2013 Views

Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro

Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro

Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— Saudações <strong>de</strong> Cristo, meu Rei e Senhor! — disse o homem com<br />

uma má pronúncia saxónica.<br />

— De on<strong>de</strong> és? — perguntei na língua inglesa.<br />

Ele pareceu surpreendido por lhe falarem na sua língua nativa.<br />

— De Gobannium, senhor — respon<strong>de</strong>u-me. A mulher do monge,<br />

uma criatura <strong>de</strong>sgrenhada <strong>de</strong> olhar rancoroso, arrastou-se para fora da<br />

choupana fi cando <strong>de</strong> pé ao lado do marido.<br />

— O que fazes aqui? — perguntei-lhe.<br />

— O Bom Jesus Cristo abriu os olhos do rei Aelle, senhor — disse ele<br />

— e convidou-nos a trazer as novas <strong>de</strong> Cristo ao seu povo. Estou aqui com<br />

o meu irmão, o sacerdote Gorfydd para pregar os Evangelhos aos Sais.<br />

Olhei para Aelle que sorria dissimuladamente.<br />

— Missionários <strong>de</strong> Gwent? — perguntei.<br />

— Criaturas débeis, não são? — inquiriu Aelle, fazendo um gesto ao<br />

monge e à sua mulher para que voltassem para <strong>de</strong>ntro da cabana. — Mas<br />

eles pensam que nos irão afastar da adoração <strong>de</strong> Th unor e Seaxnet e a mim<br />

satisfaz-me <strong>de</strong>ixá-los pensar <strong>de</strong>sse modo. Por enquanto.<br />

— Porque — disse eu lentamente — o rei Meurig vos prometeu tréguas<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ixásseis os seus sacerdotes virem pregar ao vosso povo?<br />

Aelle riu.<br />

— É um tolo, esse Meurig. Ele preocupa-se mais com as almas da minha<br />

gente do que com a segurança do seu território, e dois sacerdotes são<br />

um preço baixo a pagar por manter os mil lanceiros <strong>de</strong> Gwent parados enquanto<br />

nós tomamos Dumnónia. — Colocou um braço em volta dos meus<br />

ombros e conduziu-me em direção aos cavalos. — Vês, Derfel? Gwent não<br />

lutará, pelo menos enquanto o seu rei acreditar que há uma hipótese <strong>de</strong><br />

espalhar a sua religião pelas minhas gentes.<br />

— E está a religião a expandir-se? — perguntei.<br />

Ele soprou.<br />

— Entre alguns escravos e mulheres, mas poucos, e não se espalhará<br />

muito. Tratarei <strong>de</strong> o impedir. Eu vi o que essa religião fez à Dumnónia, e<br />

não o permitirei aqui. Os nossos antigos Deuses são sufi cientemente bons<br />

para nós, Derfel, então porque precisaríamos <strong>de</strong> novos? Essa é uma parte<br />

dos infortúnios dos Bretões. Eles per<strong>de</strong>ram os seus Deuses.<br />

— Merlim não — afi rmei.<br />

Isso fez com que Aelle hesitasse. Virou-se nas sombras das árvores e vi<br />

no seu rosto que estava preocupado. Ele sempre temera Merlim.<br />

— Eu ouço histórias — disse ele sem convicção.<br />

— Os Tesouros da Bretanha — afi rmei.<br />

— O que são? — perguntou-me.<br />

— Coisas <strong>de</strong> pouca monta, meu Rei e Senhor — respondi-lhe sendo<br />

65

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!