Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro
Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro
Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
— Disparate. Certamente não tens Galaad em menor conta por nunca<br />
se ter casado.<br />
— Um homem precisa… — Comecei, <strong>de</strong>pois a minha voz esmoreceu.<br />
— Eu sei <strong>de</strong> que precisa um homem — disse Guinevere divertida. —<br />
Mas porque vai Artur casar-se agora? Achas que ele ama esta rapariga?<br />
— Assim o espero, senhora.<br />
Ela sorriu.<br />
— Ele vai casar-se, Derfel, para provar que não me ama.<br />
Acreditei no que disse, mas não me atrevi a concordar com ela. Em vez<br />
<strong>de</strong> o fazer, afi rmei:<br />
— Tenho a certeza que é por amor, senhora.<br />
Ela riu-se.<br />
— Que ida<strong>de</strong> tem essa Argante?<br />
— Quinze? — calculei. — Talvez apenas catorze?<br />
Ela franziu as sobrancelhas, recordando-se.<br />
— Pensei que ela estava prometida a Mordred?<br />
— Também eu o julgava — respondi, porque me lembrava <strong>de</strong> Oengus<br />
a oferecer em casamento ao nosso Rei.<br />
— Mas porque havia Oengus <strong>de</strong> casar a rapariga com um idiota coxo<br />
como Mordred quando po<strong>de</strong> pô-la na cama <strong>de</strong> Artur? — disse Guinevere.<br />
— Apenas quinze anos, pensas tu?<br />
— Se já os tiver.<br />
— É bonita?<br />
— Nunca a vi, senhora, mas Oengus assim o afi rma.<br />
— O Uí Liatháin gera, <strong>de</strong> facto, raparigas bonitas — afi rmou Guinevere.<br />
— A irmã <strong>de</strong>le era bonita?<br />
— Isolda? Sim, <strong>de</strong> certo modo.<br />
— Esta rapariguinha terá <strong>de</strong> ser bonita — disse Guinevere num tom<br />
<strong>de</strong> voz divertido. — De outro modo, Artur não olhará para ela. Todos os<br />
homens têm <strong>de</strong> o invejar. Isso, tão-só, exige ele às suas mulheres. Elas têm<br />
<strong>de</strong> ser belas e, claro, muito mais bem comportadas do que eu fui. — Deu<br />
uma gargalhada e olhou-me <strong>de</strong> soslaio. — Mas ainda que ela seja bonita e<br />
bem comportada, não resultará, Derfel.<br />
— Não?<br />
— Oh, tenho a certeza que a rapariguinha consegue dar-lhe bebés se é<br />
isso o que ele quer, mas a menos que seja esperta, ele enfadar-se-á bastante<br />
na sua companhia. — Virou-se para olhar fi xamente para a fogueira. —<br />
Porque pensas tu que ele me escreveu a contar?<br />
— Porque ele acha que <strong>de</strong>víeis saber — afi rmei.<br />
Ela riu-se da minha afi rmação.<br />
— Eu <strong>de</strong>via saber? Porque havia eu <strong>de</strong> me importar que ele durma<br />
126