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Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro

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to. — O vosso rei é um tolo coxo e os vossos comandantes recusam-se a<br />

roubar o trono ao tolo. Com o tempo, Derfel, e mais cedo do que tar<strong>de</strong>,<br />

outro homem irá querer esse trono. Lancelote quase o tomou, e um homem<br />

melhor do que Lancelote tentará fazê-lo muito em breve. — Fez uma pausa,<br />

franzindo as sobrancelhas. — Por que razão Guinevere lhe abriu as pernas?<br />

— perguntou-me ele.<br />

— Porque Artur não iria ser rei — respondi com tristeza.<br />

— Então ele é um tolo. E no próximo ano será um tolo assassinado a<br />

menos que aceite uma proposta.<br />

— Que proposta, meu Rei e Senhor? — perguntei, <strong>de</strong>tendo-me por<br />

baixo <strong>de</strong> uma faia fogosamente vermelha.<br />

Ele parou e colocou as suas mãos nos meus ombros.<br />

— Diz a Artur que te entregue o trono, Derfel.<br />

Olhei fi xamente nos olhos do meu pai. Por instantes pensei que ele<br />

gracejava, <strong>de</strong>pois vi que falava tão seriamente quanto um homem po<strong>de</strong><br />

fazê-lo.<br />

— Eu? — perguntei, surpreendido.<br />

— Tu — disse Aelle — e jurares-me lealda<strong>de</strong>. De ti, exigirei terras,<br />

mas po<strong>de</strong>s pedir a Artur que te entregue o trono e tu po<strong>de</strong>rás governar a<br />

Dumnónia. O meu povo instalar-se-á nessa terra e amanhá-la-á, e tu governá-la-ás,<br />

mas como meu rei-vassalo. Tu e eu constituiremos uma fe<strong>de</strong>ração.<br />

Pai e fi lho. Tu governas a Dumnónia e eu Aengeland.<br />

— Aengeland? — perguntei, porque a palavra me era estranha.<br />

Retirou as mãos dos meus ombros e fez um gesto largo para a paisagem.<br />

— Aqui! Vocês chamam-nos Saxões, mas na verda<strong>de</strong> tu e eu somos<br />

Aengles. Cerdic é saxão, mas tu e eu somos Aenglish e o nosso país é a<br />

Aengeland. Isto é Aengeland! — Disse-o com orgulho, olhando para aquele<br />

topo húmido da colina.<br />

— E em relação a Cerdic? — perguntei.<br />

— Tu e eu mataremos Cerdic — respon<strong>de</strong>u com sincerida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois<br />

puxou-me pelo cotovelo e começou <strong>de</strong> novo a caminhar. Simplesmente<br />

<strong>de</strong>sta vez conduziu-me por um caminho que seguia por entre as árvores<br />

on<strong>de</strong> porcos fossavam no meio das folhas que haviam caído há pouco, à<br />

procura dos frutos das faias. — Comunica a Artur a minha sugestão — disse<br />

Aelle. — Diz-lhe que po<strong>de</strong> fi car com o trono em vez <strong>de</strong> ti se for isso que<br />

quer, mas aquele <strong>de</strong> vós que o tomar, fá-lo-á em meu nome.<br />

— Dir-lhe-ei, meu Rei e Senhor — afi rmei, embora soubesse que Artur<br />

iria <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhar a proposta. Julgo que também Aelle o sabia, mas a sua<br />

aversão por Cerdic levara-o a sugeri-la. Ele sabia que ainda que ele e Cerdic<br />

conquistassem todo o Sul da Bretanha, teria <strong>de</strong> haver outra batalha para<br />

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