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Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro

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— Eu sei que fui iludido, senhor.<br />

— Iludido! Iludido! Não sejas tão patético. És pior do que Gawain!<br />

Um druida no seu segundo dia <strong>de</strong> treino conseguia iludir-te! A nossa tarefa<br />

não é satisfazer a tua curiosida<strong>de</strong> infantil, mas sim fazer o trabalho dos<br />

Deuses, e esses Deuses, Derfel, afastaram-se muito <strong>de</strong> nós. Partiram para<br />

longe! Desapareceram, sumiram-se na escuridão, mergulharam no abismo<br />

<strong>de</strong> Annwn. Eles têm <strong>de</strong> ser evocados, e para o fazer preciso <strong>de</strong> trabalhadores,<br />

e para atrair trabalhadores tenho <strong>de</strong> oferecer um pouco <strong>de</strong> esperança.<br />

Achas que eu e Nimue conseguíamos construir as fogueiras sozinhos? Nós<br />

precisávamos <strong>de</strong> gente! De centenas <strong>de</strong> pessoas! E besuntar uma rapariga<br />

com o líquido dos bivalves trouxe-os até nós, e tudo o que tu fazes é queixares-te<br />

por teres sido iludido. Quem se importa com o que tu pensas? Porque<br />

não te vais daqui e mascas um bivalve? Talvez isso te ilumine. — Deu um<br />

pontapé no copo <strong>de</strong> Excalibur, que ainda se projetava para fora do templo.<br />

— Suponho que aquele tolo do Gawain te mostrou tudo?<br />

— Ele mostrou-me os anéis <strong>de</strong> fogo, senhor.<br />

— E suponho que agora queiras saber para que servem?<br />

— Sim, senhor.<br />

— Qualquer pessoa <strong>de</strong> inteligência mediana conseguiria <strong>de</strong>scobri-lo<br />

por si — disse Merlim, imponente. — Os Deuses estão muito longe, isso<br />

é óbvio, ou então não nos ignorariam, mas há muitos anos eles conce<strong>de</strong>ram-nos<br />

os meios para os evocarmos: os Tesouros. Há tanto tempo<br />

que os Deuses partiram para o vazio <strong>de</strong> Annwn que os Tesouros só por<br />

si não funcionam. Por isso temos <strong>de</strong> atrair a atenção dos Deuses; e como<br />

o conseguiremos? É simples! Enviamos um sinal para o abismo, e esse<br />

sinal é apenas um enorme <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> fogo, e nesse <strong>de</strong>senho colocamos<br />

os Tesouros. Depois fazemos uma ou duas outras coisas que não têm, <strong>de</strong><br />

facto, muita importância. Depois disso já posso morrer em paz, em vez<br />

<strong>de</strong> ter <strong>de</strong> explicar as matérias mais elementares a idiotas absolutamente<br />

crédulos. E não — acrescentou ele antes <strong>de</strong> eu sequer dizer alguma coisa,<br />

ou fazer alguma pergunta — tu não po<strong>de</strong>s estar aqui em cima, na Véspera<br />

do Samain. Quero aqui apenas aqueles em quem posso confi ar. E se cá<br />

voltares, or<strong>de</strong>narei aos guardas que usem a tua barriga para a prática <strong>de</strong><br />

esgrima.<br />

— Porque não circundar apenas a colina com uma barreira <strong>de</strong> espíritos?<br />

— perguntei. Uma barreira <strong>de</strong> espíritos era uma linha <strong>de</strong> crânios, enfeitiçados<br />

por um druida, que ninguém se atrevia a transpor.<br />

Merlim fi tou-me <strong>de</strong> olhos esbugalhados como se o meu juízo tivesse<br />

<strong>de</strong>saparecido.<br />

— Uma barreira <strong>de</strong> espíritos! Na Véspera do Samain! É a única noite<br />

do ano, idiota, em que as barreiras <strong>de</strong> espíritos não dão resultado! Tenho<br />

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