Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro
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até atingir o estado <strong>de</strong> graça. Confesso que não estou convencido disso, mas<br />
ele parece <strong>de</strong> facto um homem muitíssimo piedoso. Todos <strong>de</strong>víamos ser<br />
igualmente abençoados.<br />
— O que diz Agricola? — perguntei.<br />
— Ele vangloria-se da frequência com que <strong>de</strong>feca. Perdoai-me, senhora.<br />
— Deve ter sido uma alegre reunião para ambos — disse Ceinwyn,<br />
secamente.<br />
— Não foi útil no imediato — admitiu Emrys. — Eu tinha esperança<br />
<strong>de</strong> convencer Tewdric a mudar a opinião do seu fi lho, mas infelizmente —<br />
encolheu os ombros — tudo o que agora po<strong>de</strong>mos fazer é rezar.<br />
— E manter as nossas lanças aguçadas — afi rmei com ar triste.<br />
— Isso também — concordou o bispo. Voltou a espirrar e fez o sinal da<br />
cruz para afastar a má sorte do espirro.<br />
— Meurig <strong>de</strong>ixará que os lanceiros <strong>de</strong> Powys atravessem as suas terras?<br />
— perguntei.<br />
— Cuneglas disse-lhe que se ele recusasse essa autorização, atravessaria<br />
sem ela.<br />
Soltei um gemido. A última coisa <strong>de</strong> que precisávamos era que um<br />
reino britânico lutasse contra outro. Durante anos, semelhante estado <strong>de</strong><br />
guerra enfraquecera a Bretanha e havia permitido que os Saxões se apo<strong>de</strong>rassem<br />
<strong>de</strong> vales e cida<strong>de</strong>s, apesar <strong>de</strong> ultimamente terem sido os Saxões<br />
a lutarem entre si, e nós quem obtivera vantagem da sua animosida<strong>de</strong> infl<br />
igindo-lhes <strong>de</strong>rrotas; mas Cerdic e Aelle haviam aprendido a lição que<br />
Artur inculcara nos Bretões: que a vitória surgia com a união. Agora eram<br />
os Saxões que estavam unidos e os Britânicos divididos.<br />
— Creio que Meurig <strong>de</strong>ixará Cuneglas atravessar — disse Emrys —<br />
porque ele não quer fazer a guerra com ninguém. Ele apenas preten<strong>de</strong> a<br />
paz.<br />
— Todos nós preten<strong>de</strong>mos a paz — afi rmei — mas se a Dumnónia<br />
cair, então Gwent será o próximo país a sentir as lâminas dos Saxões.<br />
— Meurig insiste que não — disse o bispo — e está a oferecer imunida<strong>de</strong><br />
a todo o dumnoniano cristão que <strong>de</strong>seje evitar a guerra.<br />
Estas eram más notícias, porque signifi cavam que quem não tivesse<br />
coragem para enfrentar Aelle e Cerdic apenas teria <strong>de</strong> clamar a fé cristã para<br />
ter refúgio no reino <strong>de</strong> Meurig.<br />
— Ele acredita verda<strong>de</strong>iramente que o seu Deus o protegerá? — perguntei<br />
a Emrys.<br />
— Ele é obrigado a isso, senhor, senão para que mais serviria Deus?<br />
Claro que Deus po<strong>de</strong> ter outros planos. É tão difícil ler a Sua mente. —<br />
Agora o bispo estava sufi cientemente quente para experimentar retirar a<br />
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