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Tradução de Ana Faria e Marta Couceiro

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percorrera meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa distância quando um machado foi lançado das<br />

sombras por baixo dos ramos. Guinou ao passar por mim com a luz do dia<br />

cinzento a tremeluzir na sua lâmina. O arremesso fora mau, e o machado<br />

sibilou até uns bons quatro passos <strong>de</strong> distância. Ninguém me <strong>de</strong>safi ou, mas<br />

também não surgiu outra arma vinda das árvores.<br />

— Eu sou saxão! — gritei nessa língua. Ninguém disse nada, mas ouvi<br />

um sussurro <strong>de</strong> vozes e o estalido <strong>de</strong> galhos a quebrarem-se. — Sou saxão!<br />

— voltei a dizer, e questionei-me se os observadores escondidos não<br />

seriam saxões mas bretões fora-da-lei, porque eu estava ainda em terra <strong>de</strong><br />

ninguém on<strong>de</strong> os homens sem senhor <strong>de</strong> todas as tribos e regiões se escondiam<br />

da justiça.<br />

Preparava-me para dizer em bretão que não queria fazer-lhes mal<br />

quando uma voz gritou das sombras em saxão.<br />

— Atira a tua espada para aqui! — or<strong>de</strong>nou-me um homem.<br />

— Po<strong>de</strong>s vir aqui tomar a minha espada — respondi.<br />

Houve uma pausa.<br />

— Como te chamas? — perguntou a voz.<br />

— Derfel! — respondi. — Filho <strong>de</strong> Aelle.<br />

Referi o nome do meu pai como um <strong>de</strong>safi o, e isso <strong>de</strong>ve tê-los tranquilizado<br />

porque uma vez mais ouvi o murmúrio baixo das vozes. Depois,<br />

um instante mais tar<strong>de</strong>, seis homens passaram por entre os ramos dos espinheiros<br />

e entraram na clareira. Todos tinham grossas peles, que os Saxões<br />

preferiam às armaduras, e todos traziam lanças. Um <strong>de</strong>les tinha um elmo<br />

com cornos e esse, sem dúvida o chefe, <strong>de</strong>sceu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da estrada na<br />

minha direção.<br />

— Derfel — disse ele, <strong>de</strong>tendo-se a meia dúzia <strong>de</strong> passos <strong>de</strong> mim. —<br />

Derfel — repetiu. — Já ouvi esse nome, e não é saxão.<br />

— É o meu nome — respondi — e eu sou saxão.<br />

— Um fi lho <strong>de</strong> Aelle? — Ele <strong>de</strong>sconfi ava.<br />

— Sim.<br />

Examinou-me por um momento. Era um homem alto, com uma<br />

massa <strong>de</strong> cabelo castanho enrolada no elmo com cornos. A barba dava-lhe<br />

quase pela cintura e os bigo<strong>de</strong>s pendiam-lhe até ao início da couraça <strong>de</strong><br />

cabedal que usava por baixo da capa <strong>de</strong> pelo. Calculei que fosse um chefe<br />

<strong>de</strong> tribo local, ou talvez um guerreiro <strong>de</strong>stacado para vigiar essa parte da<br />

fronteira. Encaracolou um dos bigo<strong>de</strong>s com a mão livre e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ixou as<br />

pontas <strong>de</strong>senrolarem-se.<br />

— Conheço Hrothgar, fi lho <strong>de</strong> Aelle — afi rmou pensativo — e Cyrning,<br />

fi lho <strong>de</strong> Aelle, <strong>de</strong> quem sou amigo. Penda, Saebold e Yff e, fi lhos <strong>de</strong><br />

Aelle, vi-os combater, mas Derfel, fi lho <strong>de</strong> Aelle? — Abanou a cabeça.<br />

— Vê-lo agora — respondi.<br />

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