Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
82<br />
E, fornece indícios para a compreensão não só da consciência e do<br />
psiquismo h<strong>uma</strong>no, mas das emoções que se <strong>de</strong>sdobram em movimentos, que se<br />
tornam gestos sem per<strong>de</strong>r seus aspectos orgânicos e subjetivos.<br />
Debruçando-se <strong>sobre</strong> a complexa e envolvente problemática da significação,<br />
Smolka (2004) adverte <strong>uma</strong> outra polêmica crucial acerca <strong>de</strong> <strong>uma</strong> possível<br />
supervalorização da linguagem verbal, dos signos verbais em relação aos não<br />
verbais. Sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> admitir e mesmo enfatizando, a importância <strong>de</strong>stes últimos,<br />
a autora indaga-se acerca das condições <strong>de</strong> existência dos homens no mundo que<br />
possibilitam a interpretação dos signos, do que transforma e caracteriza a ação<br />
h<strong>uma</strong>na, e <strong>de</strong> como ação e significação estão relacionadas. Embora não seja<br />
nossa intenção nos <strong>de</strong>termos nessa polêmica, assinalamos apenas a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> encará-la, posteriormente. Por agora, interessa-nos assinalar que a ação<br />
h<strong>uma</strong>na e significação estão profundamente imbricadas, intimamente relacionadas,<br />
o que nos aponta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentá-la em relação às emoções colocadas<br />
por todos os autores no plano das ações e interações entre organismo e meio.<br />
Nas palavras da autora po<strong>de</strong>mos ainda vislumbrar:<br />
“É nesse sentido que falamos que o organismo vivo, vibrante, expressivo,<br />
requer interpretação e, somente na relação com outro, torna-se corpo<br />
significativo, corpo que sente e pensa, corpo tornado signo, corpo com<br />
estatuto <strong>de</strong> sujeito, que se vê, se (re)conhece. Corpo marcado, afetado pelas<br />
práticas historicamente construídas, locus <strong>de</strong> sensações, emoções,<br />
sentimentos, enquanto locus <strong>de</strong> relações: as funções mentais superiores são<br />
relações sociais internalizadas (Vygotsky, 1981:160). Essa conversão só se<br />
torna possível pelos signos produzidos nas relações. É nesse sentido,<br />
também, que po<strong>de</strong>mos dizer que o que é internalizado é a significação da<br />
relação com o outro, significação aqui tomada como marcas ou efeitos que se<br />
produzem e impactam os sujeitos na relação” (id., ibid., p. 43).<br />
Nesse momento, po<strong>de</strong>mos então colocar alguns importantes apontamentos<br />
para a <strong>discussão</strong> que nos propomos em relação às emoções h<strong>uma</strong>nas. Estando,<br />
como vimos, as emoções h<strong>uma</strong>nas intimamente ligadas à ação h<strong>uma</strong>na, no plano<br />
das interações, no jogo <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e i<strong>de</strong>ologia, são afetadas pela<br />
linguagem, pela palavra/verbum, pela significação.