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Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

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perspectiva, as emoções e os sentimentos são essenciais para a racionalida<strong>de</strong>, na<br />

medida em que funcionam como marcadores somáticos unindo os processos<br />

mentais aos <strong>de</strong> regulação biológica básica. É <strong>de</strong> s<strong>uma</strong> importância o fato <strong>de</strong> que<br />

autor reconhece a relevância das emoções para a racionalida<strong>de</strong> encontrando seu<br />

substrato neural e sua função biológica (reguladora da <strong>sobre</strong>vivência e orientadora<br />

dos processos cognitivos à medida que estes estão relacionados com tal regulação<br />

biológica) e trata <strong>de</strong> explicá-la, <strong>de</strong>screvê-la em seu funcionamento neural, cerebral,<br />

cognitivo, não apenas corporal.<br />

Ao indagar-se acerca da origem <strong>de</strong>ste mecanismo, Damásio (1996)<br />

problematiza a questão da cultura e sua influência:<br />

“Os marcadores somáticos são, portanto, adquiridos por meio da experiência,<br />

sob o controle <strong>de</strong> um sistema interno <strong>de</strong> preferências e sob a influência <strong>de</strong> um<br />

conjunto externo <strong>de</strong> circunstâncias que incluem não só entida<strong>de</strong>s e<br />

fenômenos com os quais o organismo tem <strong>de</strong> interagir, mas também<br />

convenções sociais e regras éticas”(p. 211).<br />

Isso nos permite pensar no modo como tais “marcadores somáticos” são<br />

afetados, pela história, a cultura, as relações e interações sociais mediadas por<br />

instrumentos simbólicos – o que <strong>de</strong>mandaria mais estudo e aprofundamento.<br />

Essas e muitas outras constatações o levam à problematização da<br />

consciência h<strong>uma</strong>na, fornecendo importantes indícios para a compreensão do<br />

funcionamento mental, da psique e das emoções. Traz o conceito <strong>de</strong> self e protoself<br />

à <strong>discussão</strong>.<br />

Ressaltando que a conotação da palavra psique está originalmente ligada à<br />

respiração e ao sangue, Damásio (2001) postula que esta emerge no fluxo e<br />

refluxo <strong>de</strong> estados internos do organismo, altamente reprimidos, controlados <strong>de</strong><br />

modo inato pelo cérebro e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste continuamente sinalizado, constituindo<br />

pano <strong>de</strong> fundo para a mente e, o alicerce para a entida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>nomina self. Essa<br />

“entida<strong>de</strong>”, constituída por “estados internos”, que ocorrem naturalmente e são<br />

causados por objetos e eventos internos ou externos transformam-se em<br />

“significantes não verbais”, automáticos, qualificadores bons ou maus das<br />

situações, em relação a <strong>uma</strong> série <strong>de</strong> valores que fazem parte do repertório <strong>de</strong>

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