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Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

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No entanto, indagamo-nos, se as diferenças entre o emocionar, a emoção<br />

h<strong>uma</strong>na e a emoção animal <strong>de</strong>correm exclusivamente <strong>de</strong>sta complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

interações?<br />

Damásio: as emoções e os sentimentos como marcadores somáticos<br />

Damásio também coloca as emoções, apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>scritas no âmbito do<br />

funcionamento cerebral, como estando relacionadas à constatação <strong>de</strong> que o<br />

organismo – constituído por <strong>uma</strong> parceria cérebro-corpo – <strong>de</strong>senvolve-se nas<br />

interações como meio que o cerca 16 . E, tal como Maturana questiona-se acerca do<br />

entrelaçamento entre o emocional e o racional no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>sse organismo.<br />

O autor <strong>de</strong>fine o ser h<strong>uma</strong>no a partir <strong>de</strong> <strong>uma</strong> certeza: “somos organismos<br />

vivos complexos, com um corpo propriamente dito ∗ (“corpo”, para abreviar) e com<br />

um sistema nervoso (“cérebro”, para abreviar)” 17 . O corpo, do modo como é<br />

representado no cérebro, constitui o quadro <strong>de</strong> referência indispensável para os<br />

processos neurais que experienciamos como sendo a mente, funcionando como<br />

“instrumento <strong>de</strong> aferição” 18 . Em sua perspectiva tanto nossos mais nobres<br />

sentimentos como o amor, o ódio e angústia, como a solução <strong>de</strong> um problema<br />

científico ou a criação <strong>de</strong> um novo artefato, são processos que tomam por base<br />

acontecimentos neurais ocorridos <strong>de</strong>ntro do cérebro, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que esse cérebro<br />

tenha estado e esteja em interação com o seu corpo. E, postula: “A alma respira<br />

16 Os fatos apresentados em relação à sensação e à razão, juntamente com outros que dizem respeito à<br />

interligação entre o cérebro e o corpo propriamente dito, sustentam a idéia <strong>de</strong> que, para o autor, a<br />

compreensão cabal da mente h<strong>uma</strong>na requer a adoção <strong>de</strong> <strong>uma</strong> perspectiva do organismo: “que não só a<br />

mente tem <strong>de</strong> passar <strong>de</strong> um cogitum não físico para o domínio do tecido biológico, como <strong>de</strong>ve também ser<br />

relacionada com todo o organismo que possui cérebro e corpo integrados e que se encontra plenamente<br />

interativo com um meio ambiente físico e social” (Damásio, 1996: 282).<br />

∗ Body proper, no original inglês. (N. T.)<br />

17 Tal distinção se faz essencial: o corpo se refere ao organismo menos o tecido nervoso (os componentes<br />

central e periférico do sistema nervoso), que correspon<strong>de</strong>m ao cérebro, embora num sentido convencional o<br />

cérebro faça também parte do corpo. Outra consi<strong>de</strong>ração importante é a <strong>de</strong> que os organismos vivos<br />

encontram-se em constante modificação, assumindo <strong>uma</strong> sucessão <strong>de</strong> “estados” <strong>de</strong>finidos por padrões<br />

variados <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s em curso em cada um <strong>de</strong> seus componentes, caracterizando-se por apresentar<br />

“estados do corpo” e “estados da mente”.

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