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Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

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um sorriso implicaria pensar ao mesmo tempo na realida<strong>de</strong> exterior <strong>de</strong>ste<br />

fenômeno – social, histórica, cultural – e na realida<strong>de</strong> interna – orgânica, individual<br />

e subjetiva. Isso porque <strong>de</strong>ntre outras consi<strong>de</strong>rações, há <strong>uma</strong> materialida<strong>de</strong><br />

orgânica, individual, mas os sentidos e significados que o constituem são <strong>de</strong><br />

natureza social.<br />

Maturana nos coloca a questão da ação e do conhecer como <strong>uma</strong> ação<br />

a<strong>de</strong>quada ao sistema que constitui o “ser vivo” e a “circunstância”, articulando<br />

emocionar e linguajar no modo especificamente h<strong>uma</strong>no <strong>de</strong> operar (conversar)<br />

como vimos. Damásio nos permite vislumbrar um sujeito que conhece e sente, em<br />

que self e consciência, razão e emoção estão intimamente relacionados no<br />

funcionamento mental h<strong>uma</strong>no; nos assinala o caráter social das emoções<br />

(secundárias) no homem, no entanto o faz sem que a cultura e a história sejam<br />

admitidas como constitutivas e <strong>de</strong>finidoras. Gonzáles Rey enfatiza o caráter<br />

subjetivo das emoções, compreendidas como produções <strong>de</strong> um sujeito <strong>de</strong><br />

vivências, necessida<strong>de</strong>s e motivos. Vamos percebendo que n<strong>uma</strong> trama<br />

complexa, todos eles, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m <strong>uma</strong> interfuncionalida<strong>de</strong> entre razão e emoção,<br />

colocadas no plano das interações.<br />

Wallon nos diz que as emoções estão vinculadas ao materialismo dialético<br />

<strong>de</strong>vido unida<strong>de</strong> indissolúvel que realizam em suas manifestações entre orgânico e<br />

o psíquico, entre “as funções fundamentais da vida (modificações respiratórias,<br />

circulatórias, secretórias) e os abalos da consciência que saco<strong>de</strong>m o sujeito”. O<br />

próprio autor nos adverte que não é só como essas unida<strong>de</strong>s somatopsíquicas que<br />

implicam o materialismo dialético, mas “aos espasmos musculares pelos quais<br />

emoções substituem o movimento dão a ela <strong>uma</strong> significação expressiva”.<br />

Portando, apesar da sensibilida<strong>de</strong> das emoções ser visceral, individual e<br />

subjectiva, suas manifestações são espetaculares, comunicativas e como que<br />

rituais, sociais.<br />

Apesar <strong>de</strong> ser o primeiro a explorar <strong>uma</strong> unida<strong>de</strong> somatopsíquica que<br />

integra o organismo e o meio, Wallon não nos oferece <strong>uma</strong> <strong>discussão</strong> mais<br />

aprofundada do papel da cultura e da própria significação. É Vigotski quem faz isso

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