Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
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conduta”, é o que possibilita que o amor como a emoção (“fenômeno biológico<br />
elementar, comum aos homens e animais”) que a mobiliza, impulsiona, seja<br />
interpretado, compreendido pelos seres vivos? Como se dá essa relação?<br />
Maturana (1998) nos traz à <strong>discussão</strong> um interessante modo <strong>de</strong> abordar a<br />
questão das emoções em relação à linguagem e, mais especificamente, no que se<br />
refere ao embate racional x emocional. Para esse autor é no entrelaçamento <strong>de</strong><br />
ambos os aspectos ou fatores que nos <strong>de</strong>senvolvemos como seres h<strong>uma</strong>nos. A<br />
velha e arraigada oposição entre razão e emoção, frente a qual estamos<br />
acost<strong>uma</strong>dos a pensar apenas nos impediria <strong>de</strong> perceber que há emoções que<br />
impulsionam todas as nossas ações e pensamentos.<br />
O autor procura romper a dicotomia que se explicita na oposição:<br />
razão/emoção, afeto/intelecto, partindo <strong>de</strong> <strong>uma</strong> perspectiva do âmbito da biologia.<br />
O conceito <strong>de</strong> autopoiese, cujo princípio organizador é o ser vivo – em oposição à<br />
máquina, analogia que marca muitas das concepções científicas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século<br />
XVII – se coloca como fundamental.<br />
A gran<strong>de</strong> questão que Maturana se coloca está relacionada à compreensão<br />
e explicação das interações entre os seres vivos e o meio, cuja complexida<strong>de</strong> vai<br />
gradativamente variando, diferenciando-se em relação às diferentes espécies –<br />
reconhecendo a importância <strong>de</strong> colocar a <strong>discussão</strong> da psique, da linguagem e até<br />
das emoções, no campo da ação, da relação.<br />
Salientando as interações entre organismo e meio, Maturana (1998),<br />
assume <strong>uma</strong> concepção fundamentalmente biológica das emoções h<strong>uma</strong>nas,<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo que estas são disposições corporais próprias dos animais e dos seres<br />
h<strong>uma</strong>nos, <strong>de</strong> forma indistinta:<br />
“No emocional, somos mamíferos. Os mamíferos são animais em que o<br />
emocionar é em boa parte, consensual, e nos quais o amor em particular<br />
<strong>de</strong>sempenha um papel importante. Mas o amor, como a emoção que constitui<br />
o operar em aceitação mútua e funda o social como sistema <strong>de</strong> convivência,<br />
ocorre também com os chamados insetos sociais”(p. 25).