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Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

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Já os motivos, são <strong>de</strong>finidos pelo autor como “sistemas <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s”<br />

que vão se configurando <strong>de</strong> forma relativamente estável na dinâmica da<br />

personalida<strong>de</strong>, participando diferentes núcleos ou “zonas <strong>de</strong> sentidos” que<br />

atravessam as inúmeras formas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s do sujeito, po<strong>de</strong>ndo ser<br />

<strong>de</strong>nominados como “tendências orientadoras da personalida<strong>de</strong>”. Apresentam-se,<br />

assim, como “configurações subjetivas”, na medida em que “permitem<br />

compreen<strong>de</strong>r a motivação como integração <strong>de</strong> sentidos <strong>de</strong> diferentes<br />

procedências 51 ” (p. 246).<br />

É então que Gonzáles Rey (2002) – a partir da perspectiva <strong>de</strong> Davidov para<br />

quem as emoções são inseparáveis das necessida<strong>de</strong>s pois: “enquanto discutimos<br />

<strong>uma</strong> certa emoção, nós sempre i<strong>de</strong>ntificamos a necessida<strong>de</strong> <strong>sobre</strong> a qual se<br />

baseia a emoção”– <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a compreensão das emoções como “um sistema <strong>de</strong><br />

registro pelo qual o sujeito consegue mobilizar-se subjetivamente para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong>”. E acrescenta ainda:<br />

“é a emoção que <strong>de</strong>fine a disponibilida<strong>de</strong> do sujeito para atuar, o que é, em si<br />

mesmo, um sentido subjetivo que aparece por meio <strong>de</strong> emoções que<br />

expressam a síntese complexa <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> estados <strong>sobre</strong> os quais o<br />

sujeito tem ou não consciência, mas que são essencialmente estados<br />

afetivos, que historicamente têm se <strong>de</strong>finido por categorias como auto-estima,<br />

segurança, interesse, etc., que são estados que <strong>de</strong>finem o tipo <strong>de</strong> emoção<br />

que caracteriza o sujeito para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> e dos<br />

quais vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r muito a qualida<strong>de</strong> da realização do sujeito nessa<br />

ativida<strong>de</strong>” (p.245).<br />

Também aqui, em relação ao conceito <strong>de</strong> emoção, Gonzáles Rey (2002)<br />

admite a importância do trabalho <strong>de</strong> Maturana ressaltando que esse autor<br />

“estabeleceu <strong>uma</strong> relação entre emoção e ação, que sem dúvida, qualifica<br />

culturalmente a emoção sem condicionar sua aparição <strong>de</strong> forma linear em um<br />

sistema <strong>de</strong> significado. A ação tem inúmeros <strong>de</strong>sdobramentos que levam a<br />

51 Os motivos são formações <strong>de</strong> sentido, mas não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>finir <strong>de</strong> forma direta o sentido subjetivo <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />

ação ou ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sujeito, pois o sentido, tal como postulado pelo autor, está associado a <strong>uma</strong> ação que<br />

integra elementos <strong>de</strong> sentido que aprecem no curso da ação. Vão além <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminantes intrapsíquicos e se<br />

constituem como <strong>uma</strong> “formação psíquica que geradora <strong>de</strong> sentido presente em toda ativida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na”.<br />

Exemplifica: “o motivo sexual não representa simplesmente o estado dinâmico associado à biologia da<br />

sexualida<strong>de</strong>, mas esse estado se ativa <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> sentido subjetivo que estão<br />

associados à história <strong>de</strong> cada indivíduo concreto, assim como ao contexto cultural em que vivem” (Gonzáles<br />

Rey, 2002: 147).

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